Em uma atitude ousada, o Irã pediu à Rússia e à China que formem uma aliança de países atingidos pelas sanções dos Estados Unidos (EUA) para encerrar a era de “pressão máxima” americana. Todos os três países viram as relações com os EUA se desintegrarem, alimentando os temores de uma nova Guerra Fria. Falando ao jornal russo Kommersant, o embaixador do Irã no país, Kazem Jalali afirmou que os EUA, sob Trump, estavam tentando enfraquecer os três países para ajudar a manter a supremacia americana.
Os EUA impuseram severas sanções ao Irã, o que prejudicou efetivamente sua economia. Essas sanções econômicas foram impostas após o final do Plano de Ação Conjunto. O tratado de 2015 foi inicialmente destinado a interromper a produção iraniana de materiais nucleares. No entanto, Trump abandonou o acordo no ano passado, acusando Teerã de violar as medidas previstas no acordo.
O Irã também se afastou do tratado e afirmou ter aumentado a proliferação de seus suprimentos nucleares. Os apelos por um novo pacto entre os três também acontecem quando o Irã deve renovar seu contrato de 20 anos com a Rússia.
EXTENSÃO DO EMBARGO
O embargo termina em outubro e uma tentativa de prorrogá-lo pelo secretário de Estado americano Mike Pompeo, foi rejeitada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tanto a China quanto a Rússia vetaram a proposta, pois buscam estreitar os laços com Teerã.
Em um sinal de deterioração das relações com os EUA, a Rússia e a China publicaram o conteúdo de uma ligação telefônica que zombava abertamente da América. Na ligação entre o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi e seu colega russo, Sergei Lavrov, os dois alegaram que o governo dos EUA “perdeu a cabeça”.
Os dois também acusaram Washington de ficar mais fechado do mundo e seguir adiante com uma mentalidade da Guerra Fria. “Os EUA seguiram sem rodeios sua política ‘America First’, levando o egoísmo, o unilateralismo e o bullying ao limite, e não é disso que se trata uma grande potência. Os EUA recorreram a medidas extremas e até criaram pontos críticos e confrontos nas relações internacionais, perderam a cabeça, a moral e a credibilidade”, disse Wang.
Míssil iraniano pode atingir a Europa
Oficialmente, Teerã diz que o alcance máximo de seus mísseis balísticos se limita a pouco mais de 2.000 quilômetros, o suficiente para atingir Israel e a Arábia Saudita. No entanto, ao escrever para o site da Breaking Defense, o analista Ralph Savelsberg sugere que a república islâmica tem a capacidade de atingir alvos na Itália e até na Alemanha, usando um veículo de lançamento por satélite anteriormente conhecido como Qased. O novo hardware foi usado pelo Irã para lançar seu satélite Noor em abril, numa ação que surpreendeu a comunidade internacional.
Savelsberg, professor associado da Academia de Defesa da Holanda, especialista em defesa antimísseis, realizou uma análise detalhada do Qaseb, com base em fontes abertas e usando simulações em computador para calcular trajetórias. Ele encontrou semelhanças com o míssil balístico Shahab-3, que tem um alcance de pouco mais de 700 milhas, bem como o Safir SLV, além de várias instalações incomuns.
Consequentemente, com certas modificações, o Irã poderá usá-lo como arma, disse Savelsberg. “Com a carga útil mais pesada, grande parte da Europa Central e Oriental está ao alcance. “Com a menor carga útil, o alcance é estendido para incluir locais mais a oeste, incluindo grande parte da Alemanha e Itália, além de partes do norte da Europa” – acrescentou.
(Com informações do Express, Reino Unido)