Faleceu neste domingo (2), aos 88 anos, mais uma cidadã pioneira de Ipatinga, a senhora Isaura Maria Lima (Dona Naná), mãe do jornalista Joel Souto. Ela era esposa do pioneiro Zeza Souto.
Isaura Maria Lima nasceu, onde hoje é Bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano. Ela veio para Ipatinga em 1935. Seu pai, o biológo Evaristo de Oliveira Lima, morreu quando ela tinha apenas 25 dias. Sua mãe, Efigênia Queiroz da Silva, casou-se de novo com João Napoleão da Cruz, que veio fazer carvão em Ipatinga, como empreiteiro da Belgo-Mineira.
HISTÓRIA DE PIONEIRISMO
“Viemos morar em uma fazenda chamada Feitosa, onde hoje é o aeroporto. A divisa da fazenda ia até o “Garrafinha”, local perto da ponte metálica na saída de Ipatinga para Caratinga. Mudamos depois para o Centro de Ipatinga, onde fica atualmente a Avenida Vinte e Oito de Abril, narrou Dona Naná.
Dona Naná contou que sua mãe foi a primeira mulher que chegou em Ipatinga. “Depois de nós, veio a ‘Dona Cidinha do Correio’ e logo depois a Maria Antonieta. Fui aluna do primeiro professor particular da cidade, que lecionava para as crianças: José Raimundo. Ele foi contratado pelo Jair Gonçalves, Manoel Izídio e pelo meu pai, que o buscaram em Santana de Ferros. Dava aula perto da fazenda do Manoel Izídio, onde foi a primeira delegacia (de polícia) de Ipatinga.”
FORMAÇÃO DA FAMÍLIA
“João Napoleão, meu pai adotivo, era baiano e gostava muito de festa. Organizava bailes em nossa casa, localizada onde era a Casa Barros, e convidava os jovens da época (eram poucos), que se reuniam lá para dançar. Ele convidava o Zeza e o irmão dele, além do filho do Jair Gonçalves e alguns rapazes do Forquilha. A casa, à noite, enchia. A gente começava a dançar, a brincar e se divertir, e pintavam os namorados. Foi aí que eu conheci o Zeza. Antônio Madalena tocava o cavaquinho; o Zeza tocava violão, cavaquinho e batia pandeiro.” – lembrou
“Casei-me com Zeza Avelino Souto em Ipaba de Caratinga. O casamento aconteceu apenas na igreja. Antigamente, o casamento eclesiástico é que valia, o civil era o último. Nosso casamento eclesiástico foi primeiro. Depois de cinco anos, casamos no civil, em Fabriciano.”
Dona Naná foi mãe de vinte e um filhos. Ela narrou o seu desafio para criar sua prole naquela época. “Criei meus filhos só em lugares difíceis. Para consultar uma criança, eu tinha que andar de Ipaba a Coronel Fabriciano. Ipatinga ainda não tinha médico e nem hospital. Foi muito difícil criar meus filhos, mas agradeço muito a Deus, pois não fui eu que criei, foi Ele que me ajudou.”