As ações da Petrobras abriram os negócios desta segunda-feira (31) em forte queda, após a confirmação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de ontem (30), reduziram as perdas ao longo da manhã, e tornaram a se desvalorizar de forma intensa no início da tarde. Muitos investidores temem que o novo presidente mude a orientação de negócios da empresa, como sua política de preços de combustíveis, seu plano de investimentos e, consequentemente, a distribuição de dividendos.
Além disso, muitos especuladores montaram operações com opções de compra e de opções venda da estatal de petróleo para fazer apostas para o cenário eleitoral, esperando uma disparada em caso de vitória de Jair Bolsonaro (PL) ou de queda acentuada na hipótese de Lula vencer. Isso deve agregar volatilidade aos preços dos papéis da Petrobras nos próximos dias, porque essas posições terão que ser zeradas.
Na abertura, as ações chegaram a cair 7%, reduziram a perda para a faixa dos 3,5%, mas depois voltaram a se desvalorizar com mais intensidade. Por volta de 13h50, as ações preferenciais da Petrobras caíam 9,2%, para R$ 29,55, enquando as ordinárias recuavam 7,69%, para R$ 33,03. O movimento faz a empresa perder cerca de R$ 37 bilhões em valor de mercado, que sai de R$ 513 bilhões para R$ 476 bilhões.
No início da tarde saiu a notícias de que os analistas do banco J.P. Morgan cortaram a recomendação dos papéis de “compra” para “neutra”, e reduziram o preço-alvo de R$ 53 para R$ 37. A leitura deles é que, apesar dos avanços de governança, a empersa segue à mercê do cenário político.
Mais cedo, a XP cortou o preço-alvo para os papéis da estatal de R$ 47,30 para R$ 35,50. Apesar de reduzir a estimativa de “cotação justa”, a corretora manteve a recomendação de compra dos papéis
Os analistas André Vidal e Helena Kelm da XP escrevem que a percepção de risco político para a empresa aumentou com a eleição de Lula como presidente da república, mas acreditam que a empresa vai manter a política de preços e não veem possibilidades de gargalos financeiros como no passado.
“Vemos os patamares de preços das ações da Petrobras reduzidos, especialmente considerando o rendimento dos dividendos (30% em 2023 e 65% entre 2024 e 2027)”, comentam. Apesar disso, acreditam que os papéis devem sofrer um ajuste negativo nesta segunda-feira.
Eles destacam que a Petrobras está em movimento de aumento da produção, podendo aumentar em até 30% até 2027, ao contrário de outras grandes petrolíferas mundiais, além de se manter como boa pagadora de dividendos por conta da baixa dívida e o programa de desinvestimentos.
Uma possível retomada nos subsídios de combustíveis é um risco, aponta a XP, mas acreditam que produtoras de etanol devem se posicionar contra essas medidas porque prejudicaria seus lucros. O risco de desabastecimento do diesel também deve coibir subsídios já que seria mais impopular do que preços elevados.
As mudanças de governança que a Petrobras realizou nos últimos anos, assim como um maior escrutínio de órgãos reguladores, reduzem riscos que a empresa pode sofrer no próximo governo. O déficit fiscal do governo também é incentivo para a manutenção da política de dividendos, uma vez que a União pode usá-los para programas sociais.
Com informações do Valor Investe