Dia 13 de dezembro é celebrado o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual. Criada em 1961, a data é um marco importante na conscientização das pessoas para diminuição dos preconceitos com esse público e aumento de políticas públicas destinadas a eles.
De acordo com o IBGE de 2010, 18,6% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência visual, a diferença existe em graus, dessa forma, desse número 6,5 milhões apresentam deficiência visual severa, 506 mil tem perda total da visão (0,3%) e 6 milhões, grande dificuldade para enxergar (2,2%).
INCLUSÃO NO SENAC
Em 2022, o Senac teve mais de 1.500 matrículas de alunos com deficiência, sendo que, destes, 148 possuem deficiência visual. Várias são as adaptações realizadas em prol desse público, desde tecnologias assistivas como Lupa Eletrônica, Computador Ampliador de Textos, teclado em Braile, dentre outras, como, quando necessário, se aumentar o tamanho da fonte dos materiais, das apresentações e tudo em que haja a necessidade de leitura.
“Fazemos audiodescrição e descrição de imagens, sejam estáticas ou não, para que a acessibilidade comunicacional ocorra em sua plenitude. É relevante entender que, para além destas adaptações, a acessibilidade atitudinal de cada é imprescindível porque faz toda a diferença, uma vez que conseguimos incluir as pessoas com deficiência visual em tudo que a instituição promove com respeito, sensibilidade e responsabilidade”, esclarece a coordenadora de Educação das Tecnologias Inclusivas do Senac, Juliana Gaudêncio.
A EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Quando se fala em inclusão, uma das barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual é no campo educacional. Muitos profissionais não sabem lidar com essas pessoas, que acabam sendo excluídas e perdem o interesse em procurar um ensino de qualidade.
Uma solução encontrada por muitas instituições educacionais é o acompanhamento desses alunos por instrutores responsáveis por ajudá-los. Esse é o caso de Myriam Celme, docente do curso de Técnico em Recursos Humanos do Senac Itabira, que ministra aulas sobre processos de RH e desenvolvimento das soft skills exigidas pelo mercado de trabalho.
Atualmente, Myriam leciona para Natália Mello, discente que possui deficiência visual – considerada de baixa visão com má formação na íris e glaucoma congênito. Natália não consegue ler o quadro, folhas impressas, livros e apresenta certa dificuldade em se locomover. “A Natália é uma aluna muito determinada e persistente, não deixando que sua deficiência a impeça de ampliar suas competências profissionais”, pontua a instrutora de formação.
A estudante afirma que teve momentos durante o curso em que ficou receosa se conseguiria concluí-lo, mas os conselhos de pessoas próximas e a ajuda da instituição fizeram com que ela vencesse esse medo e continuasse. “No Senac tem aparelhos adaptados para minha deficiência e uma instrutora maravilhosa que tem boa vontade, dedicação, esforço e paciência para me ajudar. Através disso, posso dizer que estou me tornando uma profissional muito bem qualificada.”
O Senac disponibiliza Tecnologias Assistivas em sala de aula que possibilitam a acessibilidade para a leitura dos materiais impressos e a estudante tem acesso a aplicativos que ajudam a aprendizagem também pela audição. Na unidade existe ainda um computador no laboratório de informática apropriado e lupa.
“Tenho por Natália muita admiração”, salienta a docente. “No início do curso, fiquei preocupada se teria condições de trabalhar os conteúdos e habilidades com ela. Ao longo dessa trajetória, percebo o quanto ela já aprendeu, devido ao seu perfil proativo e dinâmico. A cada aula busco facilitar os seus estudos, desenvolvendo ferramentas, mais adequadas para ela”, compartilha a educadora.
Em classe, a maior dificuldade de Myriam e Natália são os cálculos relacionados ao Departamento de Pessoal, pois a aluna utiliza a audição e a visualização mental dos cálculos matemáticos, ou seja, é preciso utilizar palavras e explicar o passo a passo para que a estudante compreenda e acompanhe mentalmente a resolução dos exercícios.
Em agosto, ela se formou em Técnico em Logística, fazendo os dois cursos simultaneamente de outubro até esse mês de dezembro. E em fevereiro, ela finalizará o Técnico em RH
O acolhimento é fundamental para os alunos com deficiência afinal, eles enfrentam um mundo com muitas barreiras, julgamentos e impaciência. Escutar e ter empatia os ajudam a ter confiança em sua capacidade. Ainda existem muitos avanços a serem feitos. A inclusão das pessoas com deficiência visual vai muito além da construção de rampas e colocação de piso tátil, é necessário inseri-los nos ambientes educacionais. Também é importante o interesse em incluir esses acadêmicos sempre em equidade.
“O Senac se destaca nessa inclusão. Poucas escolas oferecem equipamentos, como dispomos aqui, que ajudam e apoiam o desenvolvimento desses alunos. Além disso, temos suporte pedagógico com um profissional especializado na unidade, o que me ajuda no acompanhamento da estudante nas aulas com uso do laboratório de informática. Contamos ainda com o apoio psicopedagógico da direção, supervisão e do setor de apoio de BH”, salienta Myriam.