Após uma reunião como ministro da Fazenda Fernando Haddad, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, confirmou nesta terça-feira (3) a intenção do novo governo Lula de criar uma moeda comum para o Mercosul com o objetivo de fortalecer a “integração regional” no bloco para fins comerciais.
De acordo com o Metrópoles, o projeto da moeda comum, segundo o embaixador, não excluiria as outras em circulação nos países do continente. “Não significa a exclusão das moedas em circulação, mas a criação de uma unidade de valor real para a integração regional”, disse o embaixador. O diplomata sinalizou que o bloco descarta a criação de uma moeda como euro, moeda oficial dos países-membros da União Europeia.
“A moeda quer unificar o bloco devido à crise da globalização”, completou. Scioli chegou ao Ministério da Fazenda, na Esplanada, ao meio-dia e saiu próximo das 13h. Na agenda, o encontro duraria apenas 15 minutos.
O embaixador afirmou que o objetivo dos governos Lula e Alberto Fernández é “promover mais integração energética e financeira, possibilitando mais intercâmbio comercial entre nossos países”.
DÓLAR E CRISE
A Argentina enfrenta uma longa crise econômica com juros básico atingindo o patamar de 70% ao ano e uma hiperinflação que supera o patamar de 80%. Diferente do Brasil, a economia do país vizinho é dolarizada e a moeda comum deverá ter o papel de depender menos do dólar no intercâmbio comercial no Mercosul.
O dólar contra o peso argentino é negociado acima dos 178,44 pesos.
No caso do Brasil, o Banco Central (BC) mantém a Selic a 13,75% enquanto a inflação está em 5,90%, conforme o IPCA. No caso do dólar, o mercado interno é atingido pelos combustíveis devido ao PPI da Petrobras.
A moeda deverá proporcionar aos países um maior fluxo comercial sem a dependência do dólar, mas deverá enfrentar resistência do mercado devido aos problemas financeiros que a Argentina enfrenta e a fragilidade das economias regionais.