Os ex-assessores do deputado federal André Janones, Cefas Luiz Paulino e Leandra Guedes Ferreira, deverão prestar esclarecimentos sobre suposta prática de ‘rachadinha’ com funcionários do gabinete do deputado, em Brasília após requerimento apresentado pelo deputado Eduardo Bolsonaro. As informações são do portal Metrópoles.
O requerimento foi protocolado na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara e chega com um gosto de vingança para Eduardo Bolsonaro. Agora do outro lado, Janones foi um dos grandes críticos das denúncias de rachadinha feitas contra Flávio e Carlos Bolsonaro, irmãos de Eduardo, em 2020 e 2021.
A CFFC é presidida por Bia Kicis e tem composição majoritariamente bolsonarista. O requerimento de Eduardo, portanto, não deve tardar a ser votado e aprovado. A princípio, Cefas e Leandra serão convidados a comparecer à comissão. Caso rejeitem o pedido, uma convocação deve ser apresentada em seguida.
No documento, Eduardo argumenta a necessidade de esclarecer os atos de Janones, “que podem culminar na caracterização da prática de improbidade administrativa ou mesmo do crime de corrupção”.
Cefas Paulino, que denunciou o esquema, afirma que parte dos salários era recolhida em dinheiro e entregue a Janones. Leandra Guedes, que hoje é prefeita de Ituiutaba (MG), era supostamente a responsável por recolher o dinheiro. Ela nega ter conhecimento da rachadinha no gabinete de Janones.
Janones foi gravado em 2019 pedindo parte dos salários de assessores para recompor seu patrimônio, “dilapidado” na campanha de 2016. Naquele ano, o deputado tentou se eleger prefeito de Ituiutaba, mas saiu derrotado.
“O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, disse Janones ao assessor.
Na gravação, ele também sugeriu a criação de uma “vaquinha” entre os assessores para juntar R$ 200 mil para a campanha de 2020.
“Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser 50, se vai ser 100, 200, se cada um dá proporcional ao salário. Isso a gente vai decidir entre nós. Se cada um der 200 reais na minha conta, vai ter mais ou menos 200 mil para a gente gastar nessa campanha”, orienta Janones, no áudio.
Nessa terça-feira (28), o PL, partido de Eduardo Bolsonaro, entrou com um pedido de cassação de mandato contra Janones na Mesa Diretora da Câmara. O pedido será encaminhado ao Conselho de Ética, que deverá avaliá-lo. Em contato com a coluna, o presidente do conselho, Lomanto Junior (União Brasil), afirmou: “Vou aguardar chegar a representação ao conselho e seguir o rito legal”.