A forte alta do dólar nesta semana colocou a equipe econômica do governo Lula (PT) em rota de colisão com o mercado financeiro e o Banco Central. Após o anúncio de medidas econômicas na noite de quarta-feira (27), o dólar chegou a bater R$ 6 na abertura do pregão de quinta-feira (28), fechando a R$ 5,98.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu o encarecimento do dólar ao “ruído” em relação à reforma do Imposto de Renda, e não ao pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo. Haddad explicou que o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil deve ser enviado ao Congresso apenas no próximo ano, após a aprovação da PEC do corte de gastos.
O ministro não descartou mais ações de responsabilidade fiscal, afirmando que novos passos poderão ser necessários. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, adotou um tom mais crítico, acusando o Banco Central de criar uma sensação de instabilidade deliberada. Costa afirmou que está em “contagem regressiva” para um Banco Central dirigido por quem mora no Brasil.
Políticos de esquerda, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defenderam a intervenção do Banco Central no câmbio, criticando a omissão do presidente da instituição, Roberto Campos Neto. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Odair Cunha, também atacou Campos Neto, acusando-o de sabotagem contra o Brasil.
A VARIAÇÃO DO DÓLAR
O Brasil mantém um regime de câmbio flexível, mas o Banco Central intervém para conter movimentos desordenados da taxa de câmbio. A atribuição de intervir no câmbio caberá ao atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência do BC em 2025.
Levantamento da agência Austin Rating revela que o real é a oitava moeda que mais perdeu valor frente ao dólar em 2024, com uma queda acumulada de 19,1%. A moeda do Sudão do Sul foi a que mais se desvalorizou, com perdas de 69,80%.
PACOTE FISCAL
A revisão de despesas da União pode gerar uma economia de R$ 327 bilhões de 2025 a 2030. Em curto prazo, a estimativa é de economizar pouco mais de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Analistas receberam bem o pacote, mas alguns apontam que o efeito fiscal será inferior ao esperado pelo governo. As medidas serão submetidas à análise do Congresso Nacional e deverão tramitar na forma de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e de um Projeto de Lei Complementar (PLP).
Com essas medidas, o governo busca fortalecer o controle fiscal e promover um ajuste significativo nas contas públicas, visando um equilíbrio sustentável para os próximos anos.