Por William Saliba
A recente pesquisa Panorama Político 2024, conduzida pelo DataSenado/Nexus, revela que 40% dos brasileiros não se identificam com nenhum espectro político, evidenciando um sentimento generalizado de desilusão com as opções disponíveis. Esse dado desperta uma reflexão urgente sobre os rumos da política no Brasil e seu impacto no futuro da democracia.
A direita ainda mantém a maior parte das preferências políticas do país, com 29% dos eleitores, mas há um crescente grupo de cidadãos que optam por não se alinhar a qualquer ideologia.
Vejamos, tanto a renda quanto a escolaridade afetam significativamente o posicionamento político dos brasileiros. Entre os mais pobres, 25% se identificam com a direita e esse número aumenta para 37% entre os mais ricos.
Observem os dados sobre a Distribuição de Preferências Políticas: 29% se identificam com a direita, 15% se denominam de esquerda, 11% se consideram de centro, 40% não se identificam com nenhum espectro político e 6% não souberam ou não quiseram responder
O aumento do número de brasileiros que afirmam não ter preferência política é ainda mais expressivo entre os mais pobres, com 47% das pessoas de baixa renda declarando desinteresse ou descrença em qualquer espectro político.
A esquerda, com seus 15%, e o centro, com apenas 11%, também não conseguem conquistar a confiança da maioria. O que essas estatísticas sugerem é mais do que uma simples mudança de preferências; elas revelam um mal-estar mais profundo e um afastamento entre o eleitorado e o sistema político tradicional.
O que estamos testemunhando é uma crescente desconexão entre os brasileiros e os partidos que compõem o cenário político nacional. A política, historicamente vista como um espaço de disputa e construção coletiva, parece cada vez mais uma arena distante, voltada para poucos. A ausência de identificação com qualquer espectro político aponta para uma crise de representatividade, um fenômeno que fragiliza as bases democráticas.
Sem um amplo engajamento, o processo eleitoral corre o risco de se tornar uma escolha entre o “menos pior”, um exercício apático, esvaziado de propósito. Para combater esse desinteresse, é prioritário que as lideranças políticas deixem de lado disputas de poder pessoais e se concentrem nas reais demandas da população.
Que esta crise de representatividade sirva como um alerta e um convite para a renovação de nossa democracia. A resposta para o futuro do Brasil depende da nossa capacidade de reengajar o povo nas discussões que moldam nosso destino.
Para isso existem as combatidas redes sociais, uma grande ameaça ao sistema.
Entenderam ou será preciso desenhar?