No Brasil, onde o crédito ainda é caro e escasso para boa parte da população, uma modalidade começa a despontar como alternativa estratégica para financiar sonhos e impulsionar negócios: o Crédito com Garantia de Imóvel (CGI), ou home equity. E os números não deixam dúvidas sobre o potencial desse mercado. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o volume total dessa operação já alcançou impressionantes R$ 23 bilhões até setembro de 2024, com previsão de dobrar nos próximos cinco anos.
Em setembro deste ano, a produção mensal chegou a R$ 1,17 bilhão, quase o dobro do registrado no mesmo período de 2023, quando o volume foi de R$ 640 milhões. Mas o mais interessante é que esse crescimento acelerado ocorreu antes mesmo dos impactos do Marco Legal das Garantias (Lei 14.711/23), sancionado no final de 2023, que promete transformar a maneira como o mercado financeiro utiliza imóveis como garantia.
O Marco Legal e o novo protagonismo dos imóveis
Aprovada com o objetivo de destravar o crédito no país, a nova lei permite que um mesmo imóvel seja usado como garantia em múltiplas operações financeiras. Esse avanço promete dinamizar o mercado, aumentando a acessibilidade ao crédito tanto para pessoas físicas quanto para pequenos e médios empresários. Na prática, imóveis, que antes eram um ativo subutilizado no país, passam a ser peças centrais na estratégia financeira de famílias e empreendedores.
Com o home equity, é possível obter empréstimos com juros mais baixos e prazos mais longos, já que o imóvel reduz significativamente o risco para as instituições financeiras. Essa dinâmica favorece o acesso a recursos para quem precisa consolidar dívidas, investir em projetos pessoais ou alavancar pequenos negócios.
Como especialista em financiamento imobiliário, já realizei diversas operações de Crédito com Garantia de Imóvel para clientes. Essa modalidade se destaca por sua flexibilidade e utilidade, permitindo desde operações estruturadas para a aquisição de novos imóveis até a alavancagem de negócios e a quitação de dívidas. Atuando como Private Broker, mantenho parcerias com os principais bancos e fintechs do Brasil, o que facilita a personalização de soluções financeiras adequadas às necessidades de cada cliente.
Oportunidade ou armadilha?
Apesar das vantagens, especialistas alertam para os riscos. Utilizar o imóvel como garantia pode ser um caminho perigoso para quem não gerencia bem suas finanças. Uma inadimplência pode resultar na perda do bem, o que exige um planejamento rigoroso antes de optar por essa modalidade.
Ainda assim, o CGI surge como um fôlego para enfrentar os gargalos do sistema financeiro brasileiro. Com os juros básicos em níveis elevados e o crédito tradicional cada vez mais restritivo, especialmente para micro e pequenos empresários, o home equity se consolida como uma das poucas alternativas viáveis para financiar investimentos.
Perspectivas de crescimento
O otimismo em torno do mercado de CGI é evidente. A projeção de que o volume total da modalidade dobrará até 2029 reflete não apenas o apetite dos brasileiros por crédito, mas também a modernização do setor financeiro. Além disso, a implementação do Marco Legal das Garantias deve incentivar a entrada de novas instituições no mercado, ampliando a concorrência e, potencialmente, reduzindo ainda mais os custos.
O que está claro é que, em um cenário econômico desafiador, o Crédito com Garantia de Imóvel representa mais do que uma solução financeira. Ele simboliza uma mudança de paradigma na relação dos brasileiros com o crédito e com o patrimônio, transformando imóveis em ativos estratégicos para o desenvolvimento pessoal e econômico.
No país dos juros altos, o home equity é a nova fronteira. Mas será que estamos preparados para explorá-la com responsabilidade?
Marinho dos Santos é jornalista, financista e Private Broker com experiência em transações estruturadas para investidores. Conecte-se comigo no Instagram: @marinhobusiness