O dólar subiu nesta quarta-feira (17), em reação às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a meta fiscal em entrevista à TV Record. Às 12h20, a moeda americana registrava alta de 0,74%, cotada a R$ 5,465, acompanhando uma tendência de valorização em outros mercados emergentes.
Durante a entrevista, Lula afirmou que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se houver “coisas mais importantes para fazer”. A declaração gerou incertezas no mercado financeiro, refletindo-se na cotação do dólar e no comportamento do Ibovespa, que chegou a operar em alta de 0,28%, aos 129.469 pontos.
Lula, no entanto, garantiu que a meta de déficit zero para este ano não está descartada e que fará o necessário para cumprir o arcabouço fiscal. Ele também enfatizou que precisa ser convencido sobre cortes de gastos em 2024.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, corroborou a fala de Lula, afirmando que pode haver bloqueio e contingenciamento no orçamento, conforme o relatório bimestral de receitas e despesas que será publicado no próximo dia 22 de julho. Haddad destacou que, caso a receita fique abaixo do esperado, haverá contrapartidas de bloqueio e contingenciamento.
Na próxima segunda-feira, o governo enviará ao Congresso um documento indicando a necessidade de bloqueio para cumprir o teto de despesas e evitar o estouro da meta fiscal. Este relatório é visto como um teste crucial do compromisso da equipe econômica com o equilíbrio fiscal.
Além das declarações de Lula, o mercado financeiro também estava atento à política monetária dos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed) divulgou nesta quarta-feira o Livro Bege, relatório sobre a economia americana, que pode trazer sinais sobre possíveis cortes na taxa de juros, atualmente entre 5,25% e 5,50%.
Operadores estimam três cortes de juros para este ano, começando em setembro, seguidos por novembro e dezembro, com 68 pontos-base de afrouxamento em 2024. O otimismo é impulsionado por declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, que afirmou que as leituras de inflação dos últimos três meses “aumentaram um pouco a confiança” na meta de 2%.
A perspectiva de um maior afrouxamento monetário nos EUA poderia tornar o dólar menos atraente, à medida que os rendimentos dos Treasuries diminuem. Na terça-feira, 16, a bolsa brasileira fechou em queda de 0,31%, com o dólar cotado a R$ 5,428.
O comportamento do mercado reflete a sensibilidade dos investidores às declarações sobre política fiscal e econômica. As falas de Lula e as expectativas sobre o comportamento do Fed seguirão influenciando o cenário econômico nos próximos dias.
As reações do mercado às declarações de Lula mostram a importância de uma comunicação clara e consistente por parte do governo, especialmente em temas sensíveis como a meta fiscal. A expectativa agora se volta para as medidas concretas que serão apresentadas no relatório do dia 22 e como elas impactarão a confiança dos investidores no compromisso do governo com o equilíbrio fiscal.