Uma obra na Praia do Futuro, na capital cearense, tem gerado um embate entre a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). A Cagece planeja construir uma usina de dessalinização na região, por onde passam os cabos submarinos responsáveis por 90% da conexão de internet do Brasil com o restante do mundo. A Anatel está preocupada com a possibilidade de que a obra possa causar danos aos cabos.
APAGÃO NA INTERNET NO BRASIL
Em entrevista concedida ao Painel S.A., da Folha de S.Paulo, Fabio Andrade, vice-presidente de Relações Institucionais da Claro, manifestou preocupação com a potencial paralisação da internet do país devido à obra. As operadoras de telecomunicações foram pegas de surpresa com o projeto e, sob pressão, a Anatel determinou que a Cagece mantivesse uma distância mínima de 500 metros entre os dutos da usina e os cabos de internet. Contudo, isso ainda é motivo de controvérsias, com alguns especialistas alegando que uma distância segura seria de 1,5 km.
CAGECE INSISTE COM O PROJETO
O presidente da estatal, Neuri Freitas, garantiu recentemente que o projeto é seguro e que não há necessidade de se mudar o local da construção da usina de dessalinização. Embora a alternativa de transferir o projeto para outra região seja viável, a Cagece argumenta que isso resultaria em um acréscimo significativo nos custos, de algo em torno de 100 milhões a 500 milhões de reais, dependendo da localização.
O PLANO SEGUE EM FRENTE
Com o aval do governador do Ceará, Elmano de Freitas, o projeto seguirá em frente na Praia do Futuro. O governador acredita que a construção da usina é fundamental para evitar uma repetição do caos vivenciado durante a seca de 2015-2016, quando os níveis de água no reservatório do Castanhão caíram drasticamente.
CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES
A Cagece informou que já obteve um parecer favorável da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) sobre o cumprimento das recomendações de afastamento dos cabos de internet e afirma que a obra não representará qualquer risco para a infraestrutura de telecomunicações na região.