Por Natália Brito (*)
A Semana das Crianças desperta nos pais o desejo de proporcionar momentos especiais aos filhos, e nada melhor do que criar um espaço dedicado à diversão e ao aprendizado. A brinquedoteca em casa, além de ser uma solução prática, também contribui para o desenvolvimento emocional e cognitivo dos pequenos. O segredo para montar esse espaço está no respeito às necessidades de cada faixa etária, na escolha de móveis proporcionais e no uso inteligente de cores e organização.
O primeiro ponto a ser considerado é que o espaço deve acompanhar o crescimento da criança. Caso seja compartilhado entre irmãos de diferentes idades, é importante que cada um tenha acesso a brinquedos, livros e jogos adequados à sua fase de desenvolvimento. Isso permite que a criança explore suas capacidades motoras e cognitivas de maneira segura e eficaz, sem se sentir pressionada ou entediada. Itens simples, como massas de modelar, lápis de cor e papel, são suficientes para incentivar a criatividade em diversas idades, além de serem acessíveis.
Quando falamos em autonomia, a escolha dos móveis faz toda a diferença. Para que a criança se sinta independente e confortável no espaço, é fundamental que mesas, cadeiras e prateleiras estejam ao alcance dela. Móveis proporcionais à sua altura permitem que os pequenos alcancem seus brinquedos e livros sozinhos, sem depender da ajuda dos pais ou correr o risco de se machucar ao tentar escalar os móveis. Ao facilitar esse acesso, os pais também promovem a confiança da criança em explorar o ambiente ao seu redor.
Manter o espaço organizado é outro desafio, mas também uma oportunidade de ensinar responsabilidades. O uso de prateleiras, nichos e cestos permite que os brinquedos fiquem visíveis e de fácil acesso, além de facilitar o retorno de cada item ao seu devido lugar. Uma ideia prática é setorizar o espaço: uma prateleira para livros, um cesto para materiais de pintura e um baú para os brinquedos maiores. Essa organização simples ajuda a criança a
aprender sobre a importância de cuidar dos próprios pertences, promovendo hábitos de organização desde cedo.
A escolha das cores também é um fator determinante no ambiente infantil. As cores primárias — como vermelho, amarelo e azul — são excelentes para estimular os sentidos das crianças, especialmente quando usadas com moderação. É importante lembrar que o excesso de cores pode tornar o ambiente confuso e desconfortável. O equilíbrio deve ser a palavra de ordem. Móveis coloridos, tapetes de encaixe e detalhes decorativos em tons vibrantes são bem-vindos, mas sempre com cuidado para não sobrecarregar o espaço.
A personalização da brinquedoteca é uma das etapas mais divertidas. Incluir as preferências da criança no ambiente pode tornar o espaço ainda mais especial. Perguntar sobre suas brincadeiras favoritas ou observar suas preferências pode ser um ótimo ponto de partida. Meninas que sonham com casas de bonecas podem ter uma miniatura afixada à parede, feita com peças de madeira. Meninos que gostam de esportes podem contar com uma minitrave de futebol e um tapete verde que imite um campo. Essas soluções criativas não exigem grandes investimentos, mas tornam o ambiente único e acolhedor.
Não podemos esquecer que o local escolhido para a brinquedoteca também deve ser estratégico. Em casas amplas, um espaço subutilizado, como o canto de uma varanda ou o espaço debaixo da escada, pode ser perfeito para essa função. Já em apartamentos compactos, o próprio quarto da criança pode ser dividido em áreas para estudo, descanso e brincadeiras, otimizando o ambiente e mantendo a funcionalidade. O importante é que o espaço seja seguro e acessível, respeitando as limitações do ambiente.
Por fim, é essencial destacar o papel da presença dos pais nesse processo. Mesmo com o espaço organizado e adaptado, a participação ativa dos adultos durante as brincadeiras é fundamental para o desenvolvimento emocional das crianças. Momentos de leitura, pintura ou até o uso de tecnologias devem ser compartilhados, fortalecendo os laços familiares e oferecendo à criança a segurança emocional necessária para explorar o mundo ao seu redor.
Com criatividade e planejamento, qualquer ambiente pode se tornar o espaço ideal para os pequenos. Aproveite a próxima ocasião para iniciar esse projeto em casa e dar um presente que vai muito além dos brinquedos: é uma oportunidade de estimular o desenvolvimento integral das futuras gerações. Afinal, arquitetura é pertencimento, desde a primeira infância.
(*) Natália Brito é arquiteta e professora mestre, com 15 anos de experiência na área de projetos e 12 anos dedicados à educação. Ela possui a Formação DAP (Desenvolvimento Avançado de Projetos) e é cofundadora da Arqcalc, uma startup de Precificação de Projetos. Através de plataformas digitais, mentora milhares de profissionais da Arquitetura e Design, ajudando-os a aprimorar suas práticas e gestão.