A Record demitiu nesta quinta-feira (18) a jornalista Renata Varandas, que trabalhava na emissora desde 2007, após o vazamento de trechos de uma entrevista exclusiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O episódio ocorreu na manhã de terça-feira (16), quando Varandas permitiu a divulgação de partes da conversa antes da exibição oficial pela emissora, o que causou ruídos no mercado financeiro e uma alta repentina do dólar. Segundo o portal Notícias da TV, ela confessou o vazamento a seus chefes.
O vazamento, que foi disseminado pela corretora BGC Liquidez, foi atribuído à Capital Advice, empresa de comunicação da qual Renata é sócia. A Capital Advice, fundada em 2020, oferece serviços de análise política, apurações on demand, projeções de cenários e mapeamento de riscos políticos. A divulgação antecipada induziu os leitores a acreditarem em uma declaração que Lula não fez, gerando atritos no governo.
De acordo com a Folha de S.Paulo, um colaborador direto de Lula classificou o episódio como um “absurdo”, destacando que o boletim da BGC transmitiu informações que não correspondiam à realidade. A fala atribuída ao presidente envolvia a necessidade de cortes orçamentários de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões, um tema sensível que acabou descontextualizado. Na entrevista completa exibida pela Record, Lula não mencionou esses valores, mas reforçou que precisava ser convencido da necessidade de cortes em 2024.
A repercussão do vazamento foi imediata, afetando até mesmo o mercado internacional. Às 12h20 de terça-feira, o dólar estava cotado a R$ 5,42 e subiu para R$ 5,46 às 13h40. Após a Record divulgar um trecho da entrevista e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esclarecer que as declarações de Lula foram tiradas de contexto, a cotação começou a cair.
Em um comunicado duro divulgado na terça-feira, a Record manifestou surpresa com o vazamento e condenou a divulgação parcial e antecipada das informações apuradas por suas equipes. A emissora tomou medidas imediatas, afastando Renata na quarta-feira e formalizando sua demissão na manhã de quinta-feira.
Renata Varandas, que até então estava há 17 anos e meio na Record, confessou o vazamento aos seus chefes. Além de sua atuação como jornalista, ela mantém um relacionamento afetivo com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, embora não haja indícios de qualquer desvio ético relacionado a isso.
A demissão de Renata Varandas destaca a importância da ética e da responsabilidade no jornalismo, especialmente em situações que podem influenciar o mercado financeiro e gerar especulações. A Record reiterou seu compromisso com a integridade editorial e a necessidade de seguir protocolos rigorosos na divulgação de informações sensíveis.