Os mercados globais continuam em alerta nesta quinta-feira, aguardando a divulgação de dados macroeconômicos dos Estados Unidos, que serão fundamentais para definir a política monetária do Federal Reserve (Fed). A divulgação do relatório JOLTS, que registrou criação de empregos abaixo do esperado, reforça a percepção de uma desaceleração mais intensa na economia americana. Esse cenário aumenta as apostas de que o Fed possa adotar um afrouxamento monetário mais agressivo nas próximas reuniões.
Oscilações no mercado brasileiro
Enquanto isso, o mercado brasileiro opera com certa cautela, embora o Ibovespa tenha registrado alta de 1,3% na quarta-feira, atingindo 136.111 pontos e interrompendo uma sequência de quatro quedas consecutivas. Apenas oito papéis, dos 86 componentes do índice, fecharam em queda. O destaque positivo ficou por conta das ações do Pão de Açúcar (PCAR3), que subiram 9,1%, resultado de um movimento técnico após perdas acumuladas de 10% nos últimos sete dias. Em contrapartida, a 3R Petroleum (RRRP3) foi o maior destaque negativo, caindo 3,2% devido à produção abaixo do esperado em agosto e à queda de 1,4% no preço do petróleo Brent, que acumula baixa de 9% em quatro pregões.
Renda Fixa e política fiscal
No mercado de renda fixa, as taxas da curva de juros encerraram a última sessão com forte fechamento ao longo de toda a curva. A sinalização do governo brasileiro de que o arcabouço fiscal será respeitado e que a meta fiscal não será revisada foi bem recebida pelos investidores. Além disso, o recuo de 1,4% na produção industrial de julho contribuiu para aliviar preocupações sobre um possível superaquecimento da economia local.
Nos Estados Unidos, os rendimentos das Treasuries também fecharam em baixa, com o título de 2 anos rendendo 3,76% e o de 10 anos, 3,77%. Esse movimento reflete a expectativa de um possível corte de juros pelo Fed nas próximas reuniões.
Mercados globais e expectativas para o Fed
Os futuros dos EUA abriram sem direção definida nesta quinta-feira, com o S&P 500 estável e o Nasdaq 100 em leve baixa de 0,1%. Na Europa, o Stoxx 600 operava em queda de 0,2%, enquanto na China, as bolsas fecharam em queda após o banco central sinalizar um possível corte de juros.
A semana continua com foco nos indicadores do mercado de trabalho nos EUA, especialmente o payroll de agosto, que será divulgado na sexta-feira (6). Esse dado será essencial para avaliar o ritmo de desaceleração da economia americana e, consequentemente, prever os próximos passos do Fed. Até o momento, o mercado está dividido entre um corte de 0,25 p.p. e 0,50 p.p. nas taxas básicas de juros.
Perspectivas para o Brasil
No Brasil, a produção industrial de julho veio um pouco abaixo das expectativas, mas os indicadores de crescimento para o terceiro trimestre seguem positivos, com o XP Tracker prevendo um crescimento de 0,5% no trimestre (3,7% ano a ano). Mesmo diante de incertezas no cenário global, a atividade econômica brasileira continua resiliente, alimentando expectativas de que a economia possa sustentar o atual ritmo de crescimento.
Os dados econômicos dos próximos dias serão determinantes para moldar a direção dos mercados globais, especialmente no que tange à postura do Federal Reserve, e seus reflexos sobre os ativos brasileiros.