Walter Biancardine (*)
Desde 1964, quando nasci, houveram 5 Papas: Paulo VI (1963-1978, 15 anos), João Paulo I (1978, 33 dias), João Paulo II (1978-2005, 26 anos, 5 meses, 17 dias), Bento XVI (2005-2013, 8 anos), e Francisco (2013-2025).
Nunca fui um especialista em Papas, Direito Canônico ou algo assim, mas me considero um razoável diletante na teologia e, deste modo, de todos os que listei acima, o único que me provoca saudades é João Paulo II – por sua pessoa e ações. Bento XVI me traz um grande sentimento de injustiça, um brilhante teólogo vítima do mais puro e explícito “golpe de estado”, articulado à distância pelos Clinton, Obama e outros.
Com o Colégio Cardinalício sendo composto por uma maioria absoluta de Cardeais nomeados por Bergoglio – e de evidentes vieses progressistas – pouco tenho a esperar do próximo pontífice e, como perfeita vitrine de minha absoluta falta de fé no ser humano (e, por consequência, na fé alheia), ouso reproduzir algumas linhas escritas pelo brilhante professor e analista político português, o sr. José Carlos Sepúlveda:
“Infelizmente as incertezas abundam no horizonte, e chama-me a atenção como alguns tratam o Conclave e a eleição do próximo Pontífice quase como uma eleição presidencial.
Para um católico é desconcertante notar que já começam a circular nomes, cujas qualidades são ‘pragmatismo’, ‘moderação’ (no quê?), ‘sensibilidade à justiça social’, ‘espírito diplomático’, ‘espírito dialogante’. Não se lê, uma vez sequer, menção às virtudes católicas, ao espírito de piedade, à profundidade espiritual e sobrenatural, de qualquer um dos ‘papabile’, algo que caracterizou desde sempre o eixo do espírito católico”.
Deste modo temos, entre a absoluta maioria dos “analistas” que discorrem sobre o novo Papa, a visão de verdadeiras “eleições”, sugerindo candidatos que serão julgados por suas propostas e pela capacidade de interferência na geopolítica – um completo absurdo, digno de quem sequer ousa considerar o “sobrenatural”, o “divino”, a “mão de Deus” por sobre os destinos do Trono de São Pedro – veem apenas “candidatos ao cargo”.
Completando, confesso estar talvez medindo a terceiros com minha pobre régua da fé, ao crer que os Cardeais – que breve se reunirão em Conclave – pensam tal e qual os citados “analistas” e, igualmente, terão a Deus Nosso Senhor como última lembrança em seus votos. Mas esta é, como disse, uma deficiência minha e que já a deixei bastante clara ao leitor, jamais tendo a pretensão de vendê-la como uma realidade conjuntural.
Apenas causa-me asco o oportunismo sensacionalista dos “influencers” e a eterna engenharia social através do medo, pelas elites e grande mídia – o “Papa Negro”, o último, o fim da Igreja.
Não creio em grandes mudanças, apenas mais do mesmo.
Que o bom Deus me castigue, mostrando o contrário.