Por Walter Biancardine (*)
Tempos atrás escrevi sobre a permissão de alunos levarem seus aparelhos de telefone celular para as salas de aula. Comentei que alguns apontam a sempre perniciosa interferência do Estado nas decisões dos indivíduos – no caso, dos pais – enquanto outros relembram, oportunamente, as tantas vezes em que professores militantes foram flagrados doutrinando em sala de aula, sempre abrindo mão do ensino em favor da ideologia, conforme mandam todos os manuais esquerdistas.
Faço um mea culpa e cofesso meu erro ao considerar que toda a discussão não passaria de pura futilidade, apego a detalhes que sequer seriam lembrados se outras providências – muito mais necessárias e importantes, considerava eu – fossem tomadas.
Tais providências, aleguei, deveriam começar por onde se concentra a maior quantidade de bandidos ideológicos no governo federal: o Ministério da Educação, que expede determinações absurdas com o claro intuito de formar gerações de zumbis, adestrados por um sistema nocivo à saúde dos alunos, criado por Paulo Freire. Além da criação de cérebros mortos, o Ministério da Educação visa igualmente a doutrinação – lavagem cerebral – dos alunos da rede pública e a farta distribuição de dinheiros e privilégios a escolas – leia-se “diretores e supervisores escolares” – mancomunados nestas práticas. Deste ponto não me arrependo, embora saiba que – pela atual gestão – jamais será considerado. Fiz, entretanto, outras considerações que devo reanalisá-las, agora.
Na época, afirmei que deveria ser restaurada a autoridade do professor em sala de aula, já que os mestres foram rebaixados à condição de “coleguinhas” dos alunos ou, no máximo, “orientadores” (não à toa que tal expressão muito me lembra o chamar donos de animais como “tutores”). Tal “coleguinha” não tem o direito – e, por consequência, a moral – de tomar o celular de um aluno inconveniente ou mesmo, em casos extremos, enviar este pequeno delinquente para a Diretoria, ou será rigorosamente punido por seus superiores. Esta observação, eu mantenho.
Entretanto, poderia perguntar o amigo leitor, conservador: “Mas se ele tiver o direito de tomar o celular dos alunos, como os garotos gravariam as doutrinações abusivas?”
E foi neste ponto que cometi o maior de meus enganos.
Em minha cegueira, supus que pudessem ser implantadas câmeras nas salas de aula, gravando áudio e vídeo, obrigatórias em todas as instituições de ensino – uma rematada imbecilidade. Imaginei que o aluno poderia reclamar aos pais, e os mesmos requisitariam as gravações.
Mas, e se tais câmeras estiverem – afinal, este é o Brasil – “avariadas” ou “as gravações sumiram”? Pois que se convocasse o testemunho de mais alguns alunos, concluí. Sim, eu fui uma besta e reconheço.
Vi ontem que a nova lei aprovada, que proíbe o uso de celulares em sala de aula, não proíbe o porte dos mesmos nas mochilas – e este é o ponto: caso ocorra as hoje costumeiras doutrinações e discursos políticos em sala de aula, o aluno sempre poderá pegar seu celular e simplesmente – na cara de pau – gravar o professor infrator. Naturalmente será expulso de sala, mas o mesmo jamais terá o direito de tomar o aparelho de suas mãos ou, pior, o colégio poderia confiscá-lo.
Ao conhecer este ponto da nova legislação, imediatamente reconheci a asneira que havia escrito e resolvi redigir este outro artigo, para corrigir a enormidade praticada por mim. Entretanto, existem outros aspectos que na época argumentei e que, neles, insisto ainda hoje.
Um ponto fatal para os alunos e para o Brasil como um todo é a maldita aprovação automática de série, que inibe todos os esforços de ambos – corpo docente e discente – fazendo com que nenhuns motivos tenham para se aplicar às aulas, já que passarão de ano inevitavelmente.
Tal aprovação automática é reforçada por pressões das diretorias das unidades de ensino, já que para cada aluno aprovado, a escola – leia-se “alguns bolsos” – recebem R$ 12.500 como “prêmio”. Tais pontos são verdadeiros carcinomas, a corroer toda a estrutura de ensino brasileira e a incentivar o mero e rasteiro banditismo educacional.
Para piorar, quem se lembra dos apuros em que o então presidente Jair Bolsonaro se meteu, ao tentar quebrar o verdadeiro monopólio de editoras que dominam o fornecimento de livros didáticos ao sistema de ensino brasileiro?
Não devemos, igualmente, cair no esquecimento sobre a destruição cerebral causada pelo bandido Paulo Freire – que jamais alfabetizou um só aluno – e que detém as glórias de “patrono da educação brasileira”. Pois bem, se ele é o patrono de tal descalabro, bem faz jus ao título.
Impossível encerrar tal artigo sem apontar o dedo para o que, talvez, seja o pior tumor da educação brasileira: os pais.
Pergunte a qualquer professora do ensino fundamental ou médio da rede pública e ela poderá relatar que leciona para crianças e adolescentes que lá estão apenas pela merenda, para manter o Bolsa Família da mãe (pois o pai perdeu-se no mundo há tempos) ou o execrável “Pé de Meia”. Tal pobre professora se vê acuada, diariamente, por ameaças de alunos – verdadeiros estagiários de traficantes – e por suas mães que, inevitavelmente, culpam os mestres por quaisquer problemas que seus filhos apresentem, em casa.
Cabe notar que, também, as mães ameaçam. É todo um círculo de banditismo que envolve mães solteiras, traficantes trainee, diretores embolsando quase 13 mil reais por aluno (e justificando com notas frias de manutenção das instalações) e, na cabeça disso tudo, um Ministério da Educação que rouba, frauda, lesa cérebros, destrói o futuro de gerações de brasileiros e, ainda por cima, transformou todo o sistema educacional em uma associação criminosa – tal qual o sistema Judiciário brasileiro e, pensando bem, todo o governo deste país.
Embora mantenha eu muitos pontos de vista, expressos no artigo original, até os dias de hoje, devo deixar claro que minha ótica sobre a questão específica do uso – não do porte – de celulares pelos alunos mudou.
Não tenho compromisso com o erro e, se o cometo, corrijo-o o quanto antes.
Que o amigo leitor me desculpe.