Por Walter Biancardine (*)
O jornal O Globo publicou que os deputados norte-americanos votarão, amanhã (26), um projeto que visa barrar a entrada nos Estados Unidos do antigo ministro do STF e atual ditador do Brasil, Alexandre de Moraes.
Dado o previdente sigilo que impera sobre bens, salários e despesas do clã Supremo, não é possível afirmar que esta medida incomode realmente nosso ditador, mas certamente atrapalhará a vida de associados como Gilmar Mendes, Roberto Barroso, Gonet, Cármen Lúcia, Fachin, Toffoli e todos os membros de tal e privilegiada casta, que eventualmente tenham um pé-de-meia fora do Brasil.
E como isso nos beneficia? Diretamente, para ser objetivo, em nada. Qualquer país do mundo é livre para “excomungar” autoridades brasileiras, de acordo com suas leis. O fato é que estes movimentos só produzirão efeitos se secundados por providências do Senado e do povo brasileiro. Alguém sabe de alguma ação tomada pelos senadores brasileiros? Nenhuma, apenas oportunidade perdida.
Outra notícia, desta vez dada pela GloboNews e com ares de preocupação, relatam que Donald Trump pode decidir classificar PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas.
Teoricamente, se assim for feito, estas ações dos EUA poderão expor a proximidade vergonhosa entre figuras do governo e facções do tráfico, além da própria emissora. O STF, o notório “guardião da democracia”, poderá enfrentar uma crise de credibilidade ainda maior, se ligações com o crime organizado vierem à tona. Moraes, ex-advogado do PCC, terá muito a explicar, assim como Flávio Dino e Lula, que orbitam facções como o CV. Com sanções internacionais ou ações diretas dos EUA contra o narcotráfico, o Supremo, antes autoritário contra opositores, ficará impotente diante da exposição.
Notem que a primeira palavra do parágrafo acima foi “teoricamente”, e isso já define a probabilidade que algo efetivo aconteça para destituir nossa ditadura. Mais uma chance jogada no lixo, pois para termos soluções concretas, seriam necessárias providências duras de nossos parlamentares, pressionados pelo povo nas ruas.
E por falar em “povo nas ruas”, vamos ao último exemplo de chances jogadas fora: as manifestações do dia 16 de março.
Desnecessário dizer algo sobre nosso amadorismo e sobre a sede saariana de gente tentando destacar-se como “lideres” de movimentos, visando futuras candidaturas e o ingresso na nobre casta de “funcionários do Estado”, é perda de tempo. Mesmo Jair Bolsonaro mete os pés pelas mãos ao aparentar que visa controlar um movimento que nasceu espontaneamente; indica um local único para o protesto, proíbe bandeiras e faixas – enfim, regras e mais regras.
Quem acompanha o X-Twitter já concluiu que o movimento morreu. Não por falta de gente, que certamente lotarão as ruas, mas por – mais uma vez – falta de ganas, de vontade. As pessoas irão, tirarão fotografias enrolados na bandeira do Brasil, as publicarão no Instagram e depois irão – junto com filhos, pais, tios e cachorros, almoçar na churrascaria mais próxima – afinal, é domingo.
E assim, apenas com um punhado de exemplos superficiais, podemos ver que o brasileiro é mestre na arte de auto-sabotagem e desperdício de oportunidades, tudo isso gerado pela omissão ou pela dependência bovina de líderes, que os digam o que fazer.
Tarefa difícil esta, a de manter esperanças no Brasil.