O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmou nesta segunda-feira (19) que a taxa básica de juros permanecerá em patamar elevado por um longo período, visando controlar a inflação. Durante conferência do Goldman Sachs em São Paulo, o dirigente enfatizou que a atual taxa Selic de 14,75% ao ano deverá ser mantida até que haja uma clara tendência de queda nos preços.
A autoridade monetária busca convergência para a meta inflacionária de 3%, em um cenário onde o IPCA acumula 5,53% nos últimos 12 meses até abril. Galípolo destacou que a discussão sobre eventual redução dos juros ainda não está no horizonte do Comitê de Política Monetária, priorizando a manutenção do aperto monetário pelo tempo necessário.
O presidente do BC alertou para que os agentes de mercado não reajam de forma precipitada a dados pontuais da economia, seja do mercado de trabalho ou da indústria. Segundo ele, é preciso analisar tendências mais consolidadas para qualquer mudança de rumo na política monetária.
A atividade econômica tem se mostrado surpreendentemente resiliente, apesar dos juros restritivos. O desemprego atingiu o menor nível histórico para um primeiro trimestre, gerando certo estranhamento entre analistas internacionais. Galípolo reconhece que os canais de transmissão da política monetária não funcionam com a mesma eficiência que em outros países.
No campo fiscal, o presidente do BC demonstrou preocupação com possíveis medidas de estímulo governamental em resposta a uma eventual desaceleração econômica. Ele reforçou que a autoridade monetária manterá sua postura austera pelo período que for necessário para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida.
O cenário internacional também traz incertezas adicionais, especialmente quanto ao impacto de tarifas comerciais nas negociações globais. Para Galípolo, mesmo após definidos os novos patamares tarifários, sua implementação prática representará um desafio complexo para as economias.