A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) denunciaram o risco de colapso nas universidades federais após decreto do governo que restringe a liberação orçamentária a apenas 61% até novembro de 2025. A medida compromete o funcionamento básico das instituições responsáveis por 90% da produção científica nacional.
O decreto presidencial assinado em 30 de abril provocou reação imediata da comunidade científica brasileira. Em nota conjunta, a ABC e a SBPC expressaram “profunda preocupação” com o impacto da limitação orçamentária sobre as atividades administrativas, acadêmicas e científicas das universidades federais.
Helena Bonciani Nader, presidente da ABC, e Renato Janine Ribeiro, da SBPC, alertam que a medida não afeta apenas a pesquisa científica, mas também representa um golpe nos mecanismos de ascensão social do país. As universidades públicas são consideradas fundamentais para estudantes de baixa renda e grupos minoritários quebrarem o ciclo da desigualdade.
As entidades destacam que as universidades federais são responsáveis pela formação de profissionais altamente qualificados e pela maior parte das pesquisas realizadas no Brasil. Com a restrição orçamentária, existe o risco de comprometimento de projetos científicos essenciais para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social do país.
O documento critica ainda a contradição entre a política atual e as práticas internacionais. Enquanto países desenvolvidos aumentam investimentos em educação e ciência, o Brasil segue caminho oposto, ampliando sua dependência tecnológica e estimulando a evasão de pesquisadores para o exterior.
A medida governamental prevê a liberação do terço restante do orçamento apenas no final do ano, criando graves dificuldades para o planejamento e execução das atividades universitárias. As instituições científicas alertam que, sem recursos adequados, o país perde capacidade de enfrentar desafios como crises sanitárias, ambientais e econômicas.
Para os cientistas, o decreto representa um retrocesso na política de desenvolvimento científico e tecnológico, comprometendo não apenas o presente da pesquisa brasileira, mas também seu futuro, ao dificultar a formação de novos pesquisadores e a continuidade de projetos estratégicos para o país.