Por William Saliba (*)
A Igreja Católica tem um novo Sumo Pontífice. A tradicional fumaça branca surgiu da chaminé da Capela Sistina nesta quinta-feira (8/5/25), anunciando ao mundo que os 133 cardeais eleitores chegaram a um consenso sobre o sucessor do Papa Francisco, falecido em abril. Em paralelo, os sinos da Basílica de São Pedro tocaram em sinal de celebração.
A eleição ocorreu de forma surpreendentemente rápida — no segundo dia de conclave —, refletindo uma tendência dos últimos pontificados. Assim como Francisco e Bento XVI, eleitos também no segundo dia de votação, Leão XIV foi escolhido de maneira célere, ainda que não houvesse um favorito claro antes do conclave. Ao longo do último milênio, os conclaves raramente ultrapassaram cinco dias de duração.
O novo Papa é Robert Francis Prevost, norte-americano nascido em Chicago em 1955. Membro da Ordem de Santo Agostinho, Prevost foi missionário no Peru nos anos 1990, onde mais tarde se tornou bispo de Chiclayo, em 2015. Em janeiro do ano passado, o Papa Francisco o nomeou prefeito do Dicastério para os Bispos, um dos cargos mais influentes da Cúria Romana, responsável por nomeações episcopais em todo o mundo. Ele também presidia a Pontifícia Comissão para a América Latina.
Ao adotar o nome de Leão XIV, Prevost sinaliza afinidade simbólica com Leão XIII, pontífice entre 1878 e 1903, conhecido por suas encíclicas sobre a relação entre Igreja, Estado e questões sociais — entre elas a histórica Rerum Novarum, que marcou a doutrina social da Igreja no início da era industrial.
Leão XIV chega ao papado em um momento de intensa polarização dentro e fora da Igreja. Embora tenha sido um colaborador próximo de Francisco, o novo Papa já expressou posições críticas em temas sensíveis no Ocidente contemporâneo. Em declarações anteriores, demonstrou desaprovação a abordagens que, segundo ele, relativizam valores evangélicos — incluindo críticas ao reconhecimento de uniões homoafetivas e à implementação de estudos de gênero nas escolas, como no caso de uma proposta do governo peruano.
Essas posições alimentam o debate sobre a orientação ideológica do novo pontificado. Será Leão XIV um Papa conservador ou progressista? A resposta exige cautela. Sua formação pastoral nas Américas, somada à experiência na liderança global da ordem agostiniana e à confiança de Francisco ao nomeá-lo para um dos mais altos cargos da Cúria, indica uma figura com profundo conhecimento da Igreja global e das tensões internas entre tradição e modernização.
Em um cenário geopolítico em que a Santa Sé busca manter sua relevância moral e diplomática diante de crises sociais, conflitos armados e desafios culturais, o perfil de Leão XIV pode representar continuidade em algumas áreas e rupturas em outras. Seu papado, portanto, será acompanhado de perto por fiéis, governos e analistas internacionais.