Por Alice Costa (*)
O Dia das Mães está entre as datas mais emocionais e comerciais do nosso calendário. As vitrines se enchem de sugestões de presentes, as redes sociais se inundam de homenagens e, para muitos, o bolso sente o peso da expectativa. A data, que deveria ser sobre afeto e presença, acaba muitas vezes virando uma corrida por consumo – o presente mais caro, o almoço no restaurante mais cheio, a entrega mais rápida.
Mas será que é disso que as mães realmente precisam?
Falo com muitas mulheres todos os dias: mães que cuidam, que sustentam, que empreendem por necessidade, que abrem mão de si mesmas em nome da família. E, se tem algo que elas me dizem com frequência, é o quanto desejam ser reconhecidas, sim – mas pela presença, pelo apoio, pela divisão das tarefas, pelo respeito à sua jornada.
Mãe não quer presente com parcelamento em 12 vezes e juros embutidos. Mãe quer que o filho aprenda a lidar com dinheiro, a ser responsável e independente, para não repetir os mesmos ciclos de sufoco. Mãe quer que a filha saiba que pode dizer “não” a uma compra que compromete seu futuro, mesmo quando todo mundo parece dizer “sim”.
É claro que presentear pode ser um gesto de carinho. Mas o que nos leva a gastar tanto, muitas vezes, não é o amor – é a culpa. É a tentativa de compensar a ausência, o cansaço, a distância. E isso não se resolve com flores ou perfumes.
Neste Dia das Mães, talvez o maior presente seja escutar. Perguntar o que ela realmente precisa. Talvez seja ajuda com as contas, um tempo só para ela, ou simplesmente um abraço sem pressa.
E, se você é mãe, que tal também se dar um presente? Pode ser o início de uma reserva financeira só sua, a leitura de um livro que ficou esquecido na estante, ou o compromisso de se colocar, finalmente, como prioridade. Porque você merece. Não só no segundo domingo de maio, mas todos os dias.
Dinheiro e afeto não precisam disputar espaço. Quando usados com consciência, podem caminhar juntos – construindo memórias e segurança, sem abrir mão do que importa de verdade.