Por Alice Costa (*)
Todo começo de mês, de ano ou de ciclo, muita gente faz promessas financeiras: “Agora vai!” “Vou me organizar.” “Vou sair das dívidas.” “Vou guardar dinheiro.” E por aí vai. Mas, passada a empolgação, tudo volta ao velho padrão. Você já se perguntou por que isso acontece?
A resposta é simples e desconfortável: não existe transformação sem consciência.
Você pode baixar planilhas, seguir perfis de finanças, anotar gastos no caderno ou até contratar um consultor. Nada disso vai funcionar de verdade se você não estiver disposta — ou disposto — a olhar para dentro. Sem consciência, qualquer esforço é paliativo.
A gente cresce aprendendo matemática, gramática, química… mas quase ninguém ensina sobre dinheiro. E, quando ensina, é só no campo do “não gaste mais do que ganha”, como se fosse só isso. O problema é que o dinheiro nunca é só dinheiro. Ele é reflexo da nossa história, das nossas dores, da nossa autoestima, do que acreditamos merecer ou não.
Tem gente que compra para preencher um vazio. Outros gastam para se sentir aceitos. Tem quem acumule por medo, e quem fuja de qualquer controle porque acredita que “dinheiro é coisa que vem e vai”. E enquanto essas crenças invisíveis comandam suas atitudes, não há planilha que resolva.
Tomar consciência é encarar de frente:
– Por que eu ajo como ajo com o meu dinheiro?
– De onde veio essa ideia de que eu preciso gastar para ser feliz?
– O que eu estou evitando sentir quando finjo que está tudo bem na minha conta bancária?
É duro, sim. Mas é libertador. Porque só com consciência você para de repetir padrões herdados, de cair nas mesmas armadilhas e de sabotar seus próprios planos. Você passa a fazer escolhas — e não apenas reagir.
Transformação real exige esforço, presença e coragem. Não é sobre viver como um monge ou virar o “chato da planilha”. É sobre viver de forma mais intencional. É dizer “não” para o que rouba seu futuro, e “sim” para o que constrói sua liberdade. E isso vale tanto para quem ganha um salário mínimo quanto para quem fatura alto.
Você quer mesmo mudar sua vida financeira? Então saia da superfície. Encare seus números, mas principalmente encare você. Sem drama, mas com verdade. Porque só quem tem consciência é capaz de fazer diferente.
E só quem faz diferente colhe novos resultados.