Por Edmundo Fraga
Conforme estudos realizados pelo Data MPE/Sebrae e pelo IBGE, a evolução dos empregos em Ipatinga até 2022 confirma que o município enfrenta um processo de desindustrialização. Esse fenômeno é caracterizado pela redução persistente da participação do emprego industrial no total de empregos, afetando significativamente a dinâmica econômica e social no município.
Apesar da defasagem de quatro anos nos dados, um levantamento realizado em 2022 pelo Observatório das Metropolizações do Vale do Aço (UFMG) revelou que Ipatinga foi ultrapassada pelo município de Extrema, localizado na divisa com São Paulo, caindo da 8ª para a 9ª posição no ranking dos maiores PIBs de Minas Gerais. O Produto Interno Bruto (PIB), que mede o valor criado anualmente por toda a sociedade e distribuído como renda, é um indicador-chave para avaliar a saúde econômica do município.
Em Ipatinga, mesmo diante da desindustrialização, a Usiminas continua como um pilar central da economia local, representando 60% do PIB municipal, conforme dados do IBGE de 2022. Esse dado sublinha a importância da indústria siderúrgica para a cidade, embora também ressalte sua dependência econômica de um único setor.
Destaco a palavra “continua” para chamar a atenção dos poderes constituídos: a Usiminas, apesar de suas flutuações econômicas, ainda é a nossa “galinha dos ovos de ouro”. Como ex-funcionário da empresa por 36 anos, compreendo profundamente a importância de manter seus altos-fornos operando para garantir sua relevância no cenário industrial.
Este é um momento crucial para que a sociedade de Ipatinga discuta com os órgãos políticos as direções que a cidade pode e deve tomar. Com a atual administração municipal caminhando para mais um mandato, é urgente debater alternativas e estratégias que projetem um futuro sustentável.
O declínio do emprego industrial exige reflexões profundas e a busca por diversificação econômica. Investimentos em setores como turismo, tecnologia e educação são caminhos que podem ampliar as oportunidades e reduzir a dependência do setor industrial. Ao mesmo tempo, a preservação do setor industrial é essencial, tanto pela geração de empregos quanto pelo fortalecimento das cadeias produtivas locais.
A combinação desses fatores é a chave para garantir que Ipatinga mantenha sua relevância econômica em Minas Gerais e no Brasil. O desafio é equilibrar a modernização e a diversificação sem perder de vista as raízes que historicamente impulsionaram o desenvolvimento local.
Esse debate precisa ser prioritário na agenda política e na mobilização da sociedade civil, pois o futuro de Ipatinga está em jogo. Não podemos negligenciar a urgência de traçar um caminho estratégico que una progresso econômico e inclusão social, garantindo prosperidade para as gerações futuras.
(*) Edmundo Fraga é empresário do setor imobiliário, um dos fundadores e ex-presidente do Kart Clube de Ipatinga