O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência, movimento que tem causado tensões tanto no PT quanto no PSol. A possível indicação foi discutida em encontro entre os dois políticos há cerca de dez dias.
A escolha de Boulos para comandar a pasta responsável pelo diálogo com movimentos sociais é vista com naturalidade pelo presidente, dado o histórico do deputado como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). No entanto, a possível nomeação encontra resistências em diferentes frentes políticas.
Dentro do PSol, a divisão é clara. A ala majoritária, alinhada a Boulos, defende maior aproximação com o governo Lula, enquanto a corrente minoritária resiste à ideia de ocupar cargos em uma gestão que abriga o Centrão. Para seus apoiadores, a experiência ministerial poderia fortalecer o perfil executivo de Boulos, visto como necessário para futuras disputas eleitorais.
No PT, a resistência tem outras motivações. Petistas argumentam que o PSol já possui representação ministerial acima de sua proporção na Câmara, com Sônia Guajajara no Ministério dos Povos Indígenas. Além disso, a eventual saída de Boulos para disputar o governo de São Paulo em 2026 é vista como um complicador.
Outros nomes aparecem como alternativas para o cargo, incluindo o petista Paulo Pimenta e o advogado Marco Aurélio Carvalho. A discussão também reacende o debate sobre uma possível migração de Boulos para o PT, movimento que poderia suavizar sua imagem de radical, mas comprometeria sua liderança no PSol.
O cenário se torna ainda mais complexo com a possível nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria das Relações Institucionais, o que poderia passar uma mensagem de radicalização do governo em um momento de busca por equilíbrio político.