A escassez hídrica que vem ocorrendo há vários anos no sudeste brasileiro tem reduzido significativamente a disponibilidade de água para abastecimento humano, para processos industriais e para a agropecuária. Na bacia hidrográfica do Rio Doce, essa escassez vem sendo agravada pelo estado atual de degradação da bacia.
O aspecto mais marcante dessa degradação refere-se à alta compactação dos solos, fato que impede a infiltração de água das chuvas, amplia o escoamento superficial e provoca erosões e assoreamentos dos rios, além de reduzir a fertilidade dos solos. O excesso de escoamento superficial é causador de desequilíbrios na Bacia do Rio Doce, como enchentes na estação chuvosa e escassez pronunciada de água na estação seca.
Consciente desse grave problema, a Cenibra vem investindo para ampliar a infiltração de água no solo em suas propriedades, por meio da subsolagem, técnica realizada com uso de trator agrícola e um implemento denominado subsolador. Trata-se de uma técnica simples, por meio da qual o solo é cortado numa profundidade de cerca de 60 centímetros, em linha perpendicular à declividade do terreno, abrindo sulcos que permitem a infiltração da água no solo no momento das chuvas.
Além de adotar essa técnica em suas propriedades, a Cenibra vem desenvolvendo, desde o ano 2019, o Projeto Subsolagem, que tem como objetivo principal difundir a técnica como estratégia para promover a conservação do solo, da água e da capacidade produtiva das propriedades rurais inseridas na Bacia do Rio Doce. Contempla a implantação da técnica em áreas de pastagens nas propriedades de terceiros, sediadas no manancial do Rio da Prata, que é fonte importante para o abastecimento dos municípios de São Domingos do Prata e Nova Era. Até o momento, o projeto já possibilitou a realização de mais de 4 mil hectares de subsolagem em áreas de pastagens no manancial do Rio da Prata.
De acordo com Sebastião Tomás Carvalho, especialista em meio ambiente da Cenibra, “a subsolagem na pastagem é uma alternativa viável para o produtor rural. Além de aumentar a disponibilidade de água no período de estiagem, contribui para aumento da produtividade e não apresenta riscos para o rebanho. No longo prazo, a expectativa é de que esta técnica seja adotada na escala de toda a Bacia do Rio Doce, onde o cenário atual de degradação e compactação dos solos e os consequentes efeitos deletérios destas condições indicam cenários futuros graves de escassez hídrica”, explica.