Os 30 dias de junho tiveram o maior número de queimadas registradas para o mês, na Amazônia e no Cerrado, nos últimos 16 anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram 3.075 focos de incêndio na Floresta Amazônica – ao menos quatro focos de incêndio por hora na floresta, número que só é menor do que os 3.519 contabilizados no mesmo mês de 2007. O primeiro semestre também apresentou aumento em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 8.344 registros, ante 7.533 em 2022, um crescimento de 10% no bioma.
Os dados do Programa Queimadas, do Inpe, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, já haviam mostrado que o primeiro semestre de 2022 teve um aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desta vez, apesar do novo crescimento, há uma desaceleração da escalada dos focos de incêndio.
O Cerrado brasileiro também apresentou aumento em junho, mas menor do que o crescimento na Amazônia. Em 2022, haviam sido 4.239 focos de incêndio no segundo maior bioma do Brasil e savana mais biodiversa do mundo.
No mesmo mês deste ano foram 4.472 ocorrências, um crescimento de 5%. Os dados para o mês só não são maiores do que os registrados em 2007, quando 7.051 focos de incêndio foram contabilizados no bioma pelo Inpe. Procurado, o Ibama não se manifestou até as 20 horas de ontem.
ESTIAGEM E EL NIÑO
Os resultados deste ano também são preocupantes porque o auge do período de estiagem na Região Norte do País ainda não chegou. Além disso, a previsão de especialistas é que o número de incêndios florestais cresça ainda mais com a atuação do El Niño.
No início deste mês, a Administração Nacional de Atmosferas e Oceanos (NOAA, na sigla em inglês) lançou um alerta anunciando a formação do fenômeno. “Dependendo de sua força, o El Niño pode causar uma série de impactos, como aumentar o risco de chuvas fortes e secas em determinados locais do mundo”, disse Michelle L’Heureux, cientista do clima do Climate Prediction Center.
Maio deste ano pode ter sido uma antecipação do que virá. O mês foi classificado como o terceiro maio mais quente já registrado, de acordo com cientistas dos Centros Nacionais de Informações Ambientais da NOAA. Tanto a América do Norte quanto a América do Sul tiveram o maio mais quente já registrado.