Por Walter Biancardine (*)
O jornal Gazeta do Povo estampou manchete hoje, 4 de dezembro, com dizeres que deixam claro a verdadeira posição da alta cúpula do governo Luís Inácio em relação à Corte Suprema, que o tirou da cadeia para assumir a função de testa-de-ferro da ditadura vigente: “Governo propõe ao STF regras mais duras para controle de conteúdo nas redes sociais”.
De imediato, o que salta aos olhos é o uso do verbo “propor”. Longe de ser descuido de redatores, revisores ou do próprio repórter, tal palavra reflete perfeitamente a subserviência de Lula aos togados supremos – não apenas fazendo uma humilde proposta como, também, entregando no colo dos sinistros uma oportunidade de ouro para que, mais uma vez, legislem no lugar de um Congresso aparentemente extinto pela ditadura.
Outro fato impossível de não se notar é a pressa – verdadeiro açodamento – que o consórcio ditatorial emprega para promulgar imposições restritivas de direitos e liberdades no Brasil, e tal aflição é soprada pelos ventos laranja que vem do norte, da outra América, a de Donald Trump.
Tal esforço é perfeitamente explicado pelo fato de que, uma vez Trump empossado, investigações rigorosas serão feitas quanto aos abusos do STF contra empresas (X Twitter e StarLink, por exemplo) e mesmo cidadãos norte-americanos. Paralelo a isso, corre no Congresso daquele país medidas punitivas contra países que tenham cometido violações contra os direitos humanos ou adotado formas de governo autoritárias – e este conjunto de coisas aponta exatamente sobre as cabeças dos supremos togados brasileiros.
Perguntará o leitor, achando mal justificado o argumento acima: mas é só por isso?
E respondo: não. O ponto principal é que, uma vez plenamente implantados todos os pontos previstos pela ditadura – controle de mídia, censura, restrição da liberdade de locomoção e reunião, dinheiro digital para punir dissidentes e outros detalhes mais sórdidos – quaisquer sanções adotadas pelos Estados Unidos da América contra a ditadura brasileira serão alardeadas pela mídia “amiga” como “intervenções na soberania do país”, “pressões contra um governo democraticamente eleito” e a já batida “ganância dos mega-empresários ianques pelas nossas riquezas”.
Desnecessário acrescentar que a chamada “mídia amiga” não se resume ao Brasil, pois jornais canhotos – 99% de todas as publicações ao redor do globo terrestre – prontamente ecoarão tal narrativa sem pestanejar, insuflados pelo ódio (leia-se “inveja”) contra a América do Norte.
Como a contradição faz parte do DNA revolucionário, nenhum membro do governo ou mídia brasileira se lembrará de argüir este mesmo governo – que acusa a “ganância de mega-empresários estrangeiros” – sobre o que tais luminares teriam a dizer sobre a recente e escandalosa entrega de nossas reservas de urânio e outros minerais raros à ditadura chinesa, galhardamente anunciada pelos cúmplices midiáticos como “um grande negócio”.
Talvez não existam mais os meios de sairmos desta ditadura por nossos próprios esforços. Talvez tenhamos de sofrer a humilhação de apelarmos ao braço forte de Donald Trump e ao infindável poder econômico de sua nação, para nos tirar dessa.
Mas se assim for a única maneira de recuperarmos nossa liberdade, que calemos a boca, engulamos nosso orgulho e aceitemos.
E que jamais sejamos novamente tão covardes, pusilânimes e alienados.
O preço sempre é alto demais.