Por William Saliba
Nesta quarta-feira, 27 de novembro, o Brasil pode atravessar o portal que o levará direto para a “Idade das Trevas”. O julgamento pela Suprema Corte das ações que visam impor restrições às redes sociais ameaça consagrar a censura oficial como política de Estado, uma afronta direta à liberdade de expressão assegurada pela Constituição e ao espírito do Marco Civil da Internet.
Enquanto isso, a velha e grande imprensa — acompanhada pela mídia progressista de menor alcance do interior — parece surda, cega e muda. Em vez de debater a gravidade do tema, prefere lançar uma cortina de fumaça, distraindo o público com um enredo surreal de “tentativas de golpe”. Curioso é que esses mesmos veículos, outrora silenciados pela censura durante regimes autoritários, hoje não só assistem calados, mas parecem aplaudir, esquecendo o preço pago no passado para garantir o direito à liberdade de imprensa.
Se as coisas continuarem assim, esta quarta-feira poderá ser o primeiro dia de uma nova era: um Brasil onde apenas as narrativas oficiais serão permitidas, enquanto fatos inconvenientes são varridos para debaixo do tapete digital. E não faltarão exemplos do que já está em curso.
O desmonte das Forças Armadas é emblemático. Com um corte de R$ 1,4 bilhão no orçamento, o governo compromete funções básicas, como o envio de caminhões-pipa para matar a sede de mais de 250 mil nordestinos, ou o abastecimento de navios, aeronaves e veículos das três forças. As consequências? Uma Amazônia mais vulnerável, fronteiras expostas ao narcotráfico e uma tropa sem recursos sequer para pagar luz e água nos quartéis.
Enquanto isso, na ala oposta do governo, a gastança segue a todo vapor. A primeira-dama, já apelidada de “Dona Esbanja da Silva”, teve generosos R$ 33,5 milhões liberados para promover o Festival Janjapalooza, enquanto o casal presidencial encerrou 2023 com inacreditáveis R$ 1 bilhão gastos em viagens internacionais.
Por hoje, encerro por aqui, aproveitando o que ainda resta de uma democracia que tropeça, mas respira. Amanhã, quem sabe, o cenário será outro — e talvez nem esta crônica escape da tesoura estatal.
Manda quem pode, cala-se quem quer evitar problemas. E assim seguimos, a passos largos, rumo ao silêncio.