Por William Saliba
Quem disse que o monopólio das gafes internacionais é brasileiro? A nossa primeira-dama, Janja da Silva, apenas abriu os trabalhos na última cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Ao microfone, sem filtros e com a diplomacia de um rinoceronte em loja de cristais, disparou um enérgico e internacionalmente compreensível “Fuck you, Elon Musk!” (Vá se ferrar Elon Musk! – em bom português), se dirigindo ofensivamente ao assessor do presidente eleito Donald Trump.
Enquanto Janja aquecia os motores em terras cariocas, a ativista política e ambiental Greta Thunberg decidiu seguir o manual de “como não ganhar amigos e influenciar pessoas” na Alemanha. Durante um protesto ambiental-palestino em Mannheim, a sueca de 21 anos adaptou o slogan “Fuck you!” ao contexto geopolítico, desta vez mirando em Israel.
O que era para ser um ato político virou uma aula prática de como inflamar ânimos. Greta, sempre polivalente, conseguiu misturar ativismo climático com tensões do Oriente Médio, como quem joga gasolina num incêndio enquanto grita: “Não ao aquecimento global!”.
Em resposta, a organização americana StopAntisemitism a nomeou, com entusiasmo irônico, ao título de “antissemita do ano”. Greta, para variar, está colecionando rótulos como se fossem troféus.
Mas não pensem que as trapalhadas ficaram só no hemisfério norte. No Brasil, Geraldo Alckmin, o sempre metódico vice-presidente, teve sua vez de brilhar.
Enquanto o presidente Lula está internado na UTI do Sírio-Libanês, em São Paulo, Alckmin assumiu formalmente a diplomacia do brasileira e decidiu revisitar a geografia europeia… dos anos 80.
Ao receber nesta terça-feira (10) o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, o vice declarou com pompa: “É uma honra receber, pela primeira vez, o primeiro-ministro da Iugoslávia no Brasil”. A confusão entre Eslováquia e Iugoslávia — que, convenhamos, está extinta desde 1992 — faz qualquer ministro de Lula se envergonhar. Talvez Alckmin tenha saudades do “mapa-múndi retrô”, onde Tchecoslováquia e União Soviética tinham destaque.
Este festival de gafes só prova que o clube dos tropeços diplomáticos é inclusivo. De Janja a Greta, de Mannheim a Brasília, fica claro que o show de horrores da “cultura woke” tem números para todos os gostos.
Enquanto isso, o público internacional só pode fazer uma coisa: rir, rir muito… porque chorar seria um desperdício.
(*) Jornalista há 54 anos e detentor de vários prêmios de Comunicação