O comércio entre Brasil e Venezuela, outrora vibrante, enfrenta um declínio acentuado. Em duas décadas, a Venezuela caiu do 15º para o 48º lugar como destino das exportações brasileiras. O saldo comercial, embora ainda positivo para o Brasil, reduziu drasticamente: de US$ 4 bilhões no auge para US$ 740 milhões em 2023.
A queda na produção de petróleo venezuelano, de 3 milhões de barris por dia em 1997 para 884 mil no primeiro semestre de 2024, é um fator crucial. A falta de investimentos, êxodo de profissionais qualificados e erros de gestão contribuíram para essa redução de dois terços na capacidade produtiva.
As sanções internacionais, impostas por acusações de corrupção e violações de direitos humanos, agravaram a situação econômica do país. O período mais severo ocorreu após a reeleição de Nicolás Maduro em 2018, coincidindo com o governo Trump nos EUA.
Recentemente, houve um breve alívio nas sanções sob o governo Biden, visando as eleições de 2024 e como efeito colateral das restrições à Rússia. No entanto, após as controversas eleições de julho de 2024, a Venezuela enfrenta novamente a ameaça de isolamento.
O comércio bilateral atual reflete essa realidade. O Brasil exporta principalmente alimentos como açúcar, óleos vegetais e milho, enquanto importa fertilizantes, alumínio e derivados de petróleo da Venezuela. A falta de divisas venezuelanas dificulta as transações, levando exportadores brasileiros a exigir pagamentos antecipados.
José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil, prevê um cenário economicamente complexo. A continuidade da baixa produção petrolífera manterá a escassez de divisas, limitando as importações venezuelanas.
O futuro das relações comerciais entre Brasil e Venezuela permanece incerto, dependendo de fatores como a evolução das sanções internacionais, a recuperação econômica venezuelana e as decisões políticas de ambos os países. A situação atual representa um contraste marcante com o período de prosperidade comercial vivido há apenas uma década.