Uma reviravolta dramática na guerra civil síria coloca o regime de Bashar al-Assad próximo ao fim, com tropas governamentais abandonando suas posições no norte e sul do país, enquanto a Rússia evacua seu pessoal não essencial do território sírio neste início de dezembro.
A situação crítica levou Moscou a negociar um acordo para que forças curdas assumam posições anteriormente controladas por tropas leais a Assad no leste do país. O movimento estratégico interrompe a importante rota terrestre que liga Damasco a Teerã através do Iraque, isolando ainda mais o governo sírio de seus aliados regionais.
No sul, o avanço das forças rebeldes em direção à fronteira com Israel provocou o reforço das defesas israelenses na região. Fontes locais indicam que a família Assad já teria deixado o país em direção a Moscou, sinalizando um possível colapso iminente do governo.
A deterioração acelerada do controle governamental marca um ponto de inflexão nos mais de 12 anos de guerra civil síria. A coalização rebelde, aproveitando-se do enfraquecimento do apoio russo devido ao conflito na Ucrânia, conseguiu capitalizar ganhos territoriais significativos que podem culminar na batalha final por Damasco.
O vácuo de poder que se forma com o possível fim do regime de Assad gera preocupações internacionais sobre o futuro da Síria e o equilíbrio geopolítico regional, especialmente considerando a complexa rede de alianças e interesses envolvendo Rússia, Irã e outros atores regionais.
DIVISÃO TERRITORIAL
A Síria enfrenta uma dramática reconfiguração territorial após o colapso do regime Assad, com analistas prevendo a divisão do país em três zonas distintas, enquanto forças iranianas e seus aliados abandonam suas posições estratégicas na região.
O cenário que se desenha indica a formação de três territórios: uma pequena zona xiita ao redor de Damasco, uma região central controlada por sunitas, e um corredor curdo-druzo conectado a Israel. A mudança ocorre em meio à retirada completa das forças iranianas e oficiais do país, deixando para trás importantes arsenais militares que foram capturados por grupos jihadistas sunitas.
A nova configuração territorial aparenta ser resultado de negociações nos bastidores envolvendo Turquia e Estados Unidos. O presidente turco Erdogan vê a possibilidade de concretizar seu antigo objetivo de ter um estado sunita vizinho, enquanto Washington busca reduzir a influência russo-iraniana na região.
A situação gera preocupações sobre possíveis consequências regionais, incluindo o risco de formação de um bloco jihadista sunita que poderia se alinhar com o Talibã afegão. Os arsenais capturados das forças iranianas e do Hezbollah aumentam o poder militar desses grupos, criando novos desafios para a estabilidade regional.
A transformação geopolítica da Síria marca o fim de uma era de influência iraniana e russa no país, mas deixa interrogações sobre o futuro equilíbrio de poder no Oriente Médio e suas implicações para a segurança internacional.