Por Walter Biancardine (*)
É recorrente a estranheza de quem ouve ou lê tal sentença, a qual reflete meu pensamento e que, por questões de brevidade começarei comentando sobre a liberdade, a qual é uma condição que nos foi dada por Deus, cuja única possibilidade de privação será o comportamento prejudicial de um indivíduo ao grupo social. Esta pena, presente na Palavra Revelada, reflete-se na criação humana das leis que, igualmente, preveem o afastamento do delinquente do convívio em sociedade.
Declarar que “queremos liberdade” é apenas um slogan pueril, palavra de ordem política ou reflete a absoluta falta de consciência de si mesmo, de sua real presença ontológica e da ciência que esta mesma liberdade é inversamente proporcional aos nossos afetos, necessidades de sobrevivência e, até mesmo, bens. Tudo se resume a uma questão de ter a coragem de escolher.
Já a democracia deve ser analisada sob ótica bastante semelhante à felicidade, pois ambas – de maneira alguma – podem ser encaradas como “objetivo”, sendo as mesmas uma evidente consequência de nosso viver, dos atos ou escolhas por nós praticados, ao longo da vida.
Quem encara qualquer um dos dois conceitos acima como objetivo está, simplesmente, rebaixando de forma materialista e condicional algo que, teoricamente, só seria alcançado se tal coisa for comprada, feita ou concedida: “Só serei feliz SE comprar aquela casa” ou “conseguir a promoção no trabalho é a única maneira de ser feliz”, ou ainda “preciso me casar com ela, só assim serei feliz”.
Para piorar, o sistema preconiza que terceirizemos a estranhos – no caso da democracia, especificamente – a possibilidade de vivê-la, mas, comodamente, passamos a achar ser um encargo alheio (de parlamentares, juízes, etc.) algo que está, evidentemente, em nossas mãos; o esquecimento de nossas escolhas ao votar, eleger ou rejeitar alguém o qual entregamos esta possibilidade – viver uma democracia – e isso reflete a fuga completa de nossos deveres sociais.
Ambos – democracia e felicidade – são consequências diretas do que fazemos ao longo da vida. Se escolhemos representantes e governantes com prudência e sabedoria, o resultado ao longo do tempo nos trará, inevitavelmente, a democracia.
Do mesmo modo, se tomamos decisões igualmente sábias para nossas vidas – um bom e honesto trabalho, onde possamos expressar aquilo ao qual somos vocacionados; a escolha de uma boa esposa ou marido, cientes de que naturalmente cederemos (com amor) boa parte de nossa liberdade – definirão a trajetória na qual, um belo dia e sentado à sua varanda com um café nas mãos, você refletirá e certamente concluirá: – “Sim, eu sou feliz”.
A preguiça em pensar, preconceitos ou mesmo opiniões de terceiros, travestidas de “experiência de vida” nos trazem mais fracassos que a simples má sorte – e de nada adiantará culpar-se; você errou o alvo.
Para um bom entendimento: a liberdade não é, ao contrário do que artistas, políticos e demagogos pregam, um direito: ela é uma condição natural, inerente à existência do ser humano, que não pode ser negociada, condicionada ou concedida a ninguém, seja através da adesão a ideologias, crenças ou filosofias de vida.
O homem é um animal gregário, seu DNA o impele à vida em sociedade tal qual formigas, elefantes ou macacos; enquanto ajustado ao meio social circundante, tal liberdade será desfrutada de forma natural e inquestionável.
Apenas um comportamento danoso ao bando, à matilha, ao grupo, pode justificar e promover sanções ao infrator, seja através de sua expulsão do meio (animais) ou – em nossas normas jurídicas – sua retirada compulsória do convívio em sociedade.
De modo particular, digo que abomino e repudio todo e qualquer um que pense ter o poder de me conceder algo que já possuo desde meu nascimento, como seja, esta já mencionada – e tão repisada – liberdade.
Igualmente vejo como opressor todo aquele que exclui o meu pensar, meu intelecto, minhas opiniões, conclusões e crenças do conceito de “liberdade”, acima descrito.
Quando uma realidade conflitante e prejudicial torna-se um consenso em uma sociedade, expressar nossos julgamentos é parte igual e preponderante desta liberdade inerente – mesmo justificada por algo tão frágil quanto o “consenso” – e, por isso, tanto quanto o encarceramento injusto, a censura é uma brutalidade arbitrária contra a condição natural do homem, dada por Deus, de criatura livre e pensante.
Não há nenhum pensamento filosófico que justifique ou embase a censura. A mesma é fruto direto de criações humanas como ideologias e suas leis resultantes, o que – no mais das vezes – sempre são diametralmente opostas aos absolutos divinos.
“É necessário que hajam dores, mas ai daqueles por quem as dores vem”, diz a Bíblia, mas que Deus tenha piedade de tais pessoas, as quais são sobejamente conhecidas por nós.