As gravações de diálogos do prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes, candidato à reeleição pelo PL, em supostos atos de corrupção, publicadas ontem (4), pelo Carta de Notícias, geraram polêmicas nas redes sociais, com seus aliados afirmando se tratar de voz gerada por inteligência artificial ou montagem. No entanto, laudo pericial divulga a autenticidade da voz de Nunes.
A perícia foi realizada pelo fonoaudiólogo Thiago Lima Bicalho Cruz, especialista em voz pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, mestre e doutor em Sonologia pela Escola de Música da UFMG, ex-professor do curso de Fonoaudiologia da FEAD, coordenador do Curso de pós-graduação em Voz da FACSET, e especialista em Perícia em Fonoaudiologia e Fonética Acústica.
Segundo concluiu o fonoaudiólogo, “ao final dos exames técnicos constatou-se que é possível confirmar que a voz masculina identificada nos arquivos de áudio “amostra padrão” de Gustavo Nunes ESTÁ presente no arquivo de áudio da “amostra questionada. como sendo pertencente de fato ao Sr. Gustavo Nunes. Com 100% de probabilidade, este signatário conclui que a amostra questionada NAO POSSUI traço de descontinuidade, corte, manipulação ou edição”.
Entenda a denúncia
Acusação, feita pelo candidato à prefeito Heleno Márcio de Melo Boy (Progressistas) foi encaminhada ao Ministério Público (MP) e inclui áudios que supostamente revelam negociações ilícitas envolvendo o prefeito, empresários e secretários municipais. A grave denúncia contra o atual prefeito, Gustavo Morais Nunes, apresenta um esquema de corrupção na administração municipal.
De acordo com a denúncia, os áudios obtidos em 1º de outubro de 2024 expõem conversas sobre acordos e ajustes relacionados a retornos financeiros provenientes de contratos públicos. As gravações sugerem a existência de um esquema para arrecadação e divisão de valores entre os envolvidos, em clara violação dos princípios da legalidade, transparência e impessoalidade na administração pública.
Um dos áudios mencionados na denúncia supostamente apresenta o prefeito Gustavo Nunes afirmando que iria “tirar limpo 300 mil reais” como “primeira parte” de negociações relacionadas a um contrato de regularizações fundiárias com a empresa P. Avelar. Outro trecho citado faz referência a um pagamento de aproximadamente 1,7 milhão de reais à empresa Infrater, do qual 30% – cerca de 500 mil reais – seria supostamente destinado ao prefeito e seus aliados.
O denunciante afirma que sua equipe realizou verificações de provas documentais e periciais para sustentar as acusações. Ele menciona que alguns dos contratos e empresas citados nos áudios já foram alvos de denúncias anteriores por parte do Ministério Público, em uma ação na qual o prefeito e outros secretários municipais figuram como réus.
A denúncia foi apresentada com base no artigo 129 da Constituição Federal, que atribui ao Ministério Público a função de zelar pelo respeito aos direitos assegurados na Carta Magna por parte dos Poderes Públicos. O denunciante argumenta que, diante dos indícios de improbidade administrativa e corrupção, é necessária uma intervenção imediata do órgão fiscalizador.