O Brasil deve enfrentar em 2025 o maior patamar da taxa básica de juros dos últimos 19 anos. O Banco Central sinalizou que a Selic, hoje em 12,25%, deve atingir 15% ao ano, repetindo o cenário observado em 2006. A previsão consta no último Boletim Focus, divulgado em 30 de dezembro de 2024.
O novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, assume o comando da instituição já com o compromisso de implementar dois aumentos consecutivos na taxa básica. As próximas reuniões do Copom, programadas para janeiro e março, devem elevar a Selic em um ponto percentual cada, seguindo a orientação definida ainda na gestão anterior.
Algumas instituições financeiras projetam cenários ainda mais restritivos. O Santander Brasil estima que a taxa pode chegar a 15,50% em meados de 2025, enquanto o BTG prevê 15,25% ao final do mesmo ano. A mediana das projeções do mercado aponta para 14,75%.
A perspectiva de juros elevados por um período prolongado preocupa diversos setores da economia. Se as projeções se confirmarem, o Brasil completará cinco anos consecutivos com a Selic em dois dígitos, situação que teve início em fevereiro de 2022. As estimativas indicam que esse cenário deve se estender até o fim de 2026.
A nova gestão do BC enfrenta pressões políticas significativas. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, já manifestou críticas à política monetária atual e defende mudanças na condução dos juros. Galípolo, mesmo tendo sido indicado pelo presidente Lula, mantém postura técnica e já declarou que as decisões do Copom não são influenciadas por manifestações em redes sociais.
A elevação dos juros visa conter pressões inflacionárias, mas traz impactos diretos para o crescimento econômico, encarecendo o crédito para empresas e consumidores. O desafio da nova direção do BC será equilibrar o controle da inflação com as demandas por maior dinamismo na economia.