As importações de aço da China cresceram quase 60% no primeiro trimestre de 2025, aprofundando a crise na indústria siderúrgica brasileira. Empresas do setor, como Usiminas e Gerdau, demonstram preocupação com a perda de competitividade e a pressão sobre a produção e o emprego no país.
A indústria siderúrgica brasileira enfrenta um momento crítico diante da crescente entrada de aço chinês no mercado nacional. Segundo dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil, o volume importado atingiu 1,096 milhão de toneladas entre janeiro e março deste ano — um salto de 57,8% em relação ao mesmo período de 2024.
O avanço das importações tem impactado diretamente a rentabilidade das siderúrgicas nacionais, pressionando os preços internos e acirrando a concorrência com produtos que, segundo o setor, chegam ao país com preços artificialmente reduzidos. A situação levou gigantes como Usiminas e Gerdau a expressarem publicamente preocupação durante a divulgação de seus resultados trimestrais.
Durante conferência com investidores, a Usiminas alertou para o agravamento das condições de mercado e reforçou que as medidas adotadas até o momento pelo governo federal para frear a entrada do aço chinês têm sido ineficazes. A empresa destacou que a continuidade desse cenário pode comprometer sua capacidade de manter o nível atual de produção e investimentos no Brasil.
A Gerdau, por sua vez, também sinalizou possíveis cortes nos aportes previstos para o país. Em comunicado, a companhia citou “concorrência desleal” como um dos fatores de maior preocupação e indicou que poderá redirecionar recursos para mercados com ambiente mais favorável à indústria local.
A escalada das importações ocorre em um contexto de aumento da ociosidade das usinas nacionais e levanta temores sobre os impactos na geração de empregos diretos e indiretos no setor siderúrgico. Especialistas apontam que, sem ações mais incisivas, a indústria nacional corre o risco de perder espaço de forma estrutural.
Em nota, o Instituto Aço Brasil afirmou que o setor aguarda novas medidas de defesa comercial por parte do governo para reequilibrar as condições de competição e evitar uma desindustrialização do segmento. Entre as ações esperadas estão a aplicação de tarifas adicionais e mecanismos de controle mais rigorosos sobre as importações.
Enquanto isso, empresas como a Usiminas buscam alternativas para preservar sua competitividade, incluindo revisão de estratégias de produção, racionalização de custos e fortalecimento da atuação em nichos de maior valor agregado.
A expectativa do setor é que o governo federal reavalie a política comercial atual e adote medidas mais eficazes para mitigar os efeitos da concorrência internacional e preservar a cadeia produtiva do aço no Brasil.