O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou postura mais branda em relação ao Banco Central após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa básica de juros para 13,25% ao ano. A decisão, tomada na primeira reunião sob comando de Gabriel Galípolo, apadrinhado do próprio Lula, marca uma mudança significativa no discurso presidencial sobre a política monetária. É o destaque dos editoriais desta sexta-feira (31) da Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo.
Em pronunciamento recente, Lula demonstrou confiança no novo presidente do BC, afirmando ter “certeza” de que a taxa de juros será reduzida quando as condições econômicas permitirem. O presidente reconheceu que mudanças abruptas não são possíveis em um “mar revolto”, sinalizando maior compreensão sobre as decisões da autoridade monetária.
A elevação da Selic ocorre em um cenário de pressões inflacionárias e incertezas econômicas globais. O Copom indicou que pode haver novo aumento em março, levando a taxa a 14,25% ao ano, maior patamar desde 2016. Fatores como a baixa taxa de desemprego, projeções de inflação acima da meta e preocupações com a política fiscal contribuíram para a decisão.
Economistas apontam que a postura mais amena do governo em relação ao BC está relacionada à presença de Galípolo no comando da instituição. No entanto, desafios importantes permanecem, como as expectativas de inflação em alta para 2024, chegando a 5,5%, e a resistência do governo em implementar medidas de contenção de gastos públicos.
O mercado financeiro aguarda a divulgação da ata da reunião do Copom na próxima semana para compreender melhor as perspectivas da política monetária sob a nova gestão do BC. Enquanto isso, o cenário econômico segue marcado por incertezas, tanto no ambiente doméstico quanto internacional, com possíveis impactos das eleições americanas e da situação fiscal do país.