Por Edmundo Polk Fraga (*)
Desde 2022, o prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes, tem mantido um diálogo constante com autoridades israelenses, com o objetivo de estabelecer laços que prometem gerar benefícios mútuos. Em agosto deste ano, o município recebeu Paulo Jelihovschi, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil (CCIB), acompanhado de outros representantes da entidade. No mês passado, o prefeito e uma comitiva realizaram uma visita técnica à Embaixada de Israel, em Brasília, para conhecer soluções tecnológicas inovadoras aplicáveis à região do Vale do Aço.
A recente demonstração de solidariedade israelense reforçou ainda mais essa conexão. No último dia 14, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, enviou uma mensagem de apoio à população de Ipatinga, afetada por fortes chuvas. Além de manifestar solidariedade, o diplomata declarou que Israel está disposto a oferecer ajuda humanitária ao município.
Apesar dos desafios impostos pela calamidade, a aproximação entre o Vale do Aço e Israel é um sinal promissor. Trata-se de uma oportunidade estratégica que pode trazer benefícios econômicos e sociais para a região.
PARCERIA ESTRATÉGICA E INDÚSTRIA 4.0
A região do Vale do Aço enfrenta a necessidade de se adaptar às demandas globais da chamada Indústria 4.0 – a quarta revolução industrial, que exige eficiência, produtividade e inovação. Israel, reconhecido como líder mundial em tecnologia, desponta como um parceiro ideal para auxiliar nesse processo. O país investe cerca de 5% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, destacando-se em áreas como robótica, softwares avançados, energia renovável e tecnologia militar.
Uma possível parceria com Israel pode viabilizar a criação de um Centro de Excelência em Engenharia no Vale do Aço, consolidando o sonhado APL Metalmecânico (Arranjo Produtivo Local). Esse centro seria crucial para impulsionar o desenvolvimento de equipamentos modernos, estratégias de inovação e tecnologias voltadas à robótica, aumentando a competitividade da indústria local.
TECNOLOGIA E RECURSOS
Apesar de seu pequeno território (22.077 km², menor que Sergipe), Israel transformou suas limitações em força. Com apenas 15% de terras agricultáveis, o país revolucionou a agricultura e a indústria, exportando tecnologias de ponta. Por outro lado, é dependente da importação de alimentos e petróleo.
Nesse cenário, o Vale do Aço e Israel têm muito a oferecer um ao outro. Enquanto Israel pode fornecer tecnologia para modernizar o parque industrial da região, o Vale do Aço pode contribuir com commodities essenciais para a segurança alimentar israelense. Essa troca tem o potencial de fortalecer a economia local e atender às demandas de ambas as partes.
FUTURO PROMISSOR
A conhecida frase “Dê um peixe a um homem, e ele se alimentará por um dia. Ensine-o a pescar, e ele se alimentará por toda a vida” reflete bem o momento que o Vale do Aço e Israel vivem. Por meio de uma cooperação estratégica, é possível fomentar o desenvolvimento sustentável da região, reduzir desigualdades e enfrentar desafios globais.
Ipatinga e o Vale do Aço têm diante de si a chance de se tornarem protagonistas de uma transformação que alia inovação e desenvolvimento econômico. Que essa oportunidade seja aproveitada com coragem e visão de futuro!