Por Edmundo Polk Fraga (*)
O Canal do Panamá é uma das maiores obras de engenharia da história, desempenhando um papel essencial no comércio marítimo global. Desde os primeiros planos no século XVI até sua conclusão em 1913, sua história foi marcada por desafios políticos, tecnológicos e de saúde pública.
O rei Carlos V, ao idealizar o canal no istmo do Panamá, vislumbrou um caminho estratégico para conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, reduzindo significativamente o tempo de viagem entre a Espanha e suas colônias. Embora a ideia parecesse utópica à época, ela plantou a semente de um projeto que se tornou possível apenas séculos depois, com avanços tecnológicos e o envolvimento de nações como França e Estados Unidos.
Durante os 86 anos de controle norte-americano, o canal não apenas foi crucial para o comércio global, mas também esteve no centro de tensões políticas. O retorno do canal ao controle do Panamá, em 1999, simbolizou um marco de soberania para o país. Desde então, o governo panamenho investiu em expansões e melhorias, como a ampliação que permitiu a passagem de navios maiores, aumentando ainda mais sua relevância para a economia global. Atualmente, cerca de 450 milhões de toneladas de carga passam pelo canal anualmente, gerando uma receita de aproximadamente US$ 3,3 bilhões (R$ 13,3 bilhões).
Soluções Inovadoras: Inspiração para o Rio Doce
Ao analisar soluções de engenharia como as apresentadas no Canal do Panamá, na Escócia com as impressionantes Rodas de Falkirk ou na Eclusa de Barra Bonita no Rio Paraná, é possível acreditar que nossos engenheiros podem criar alternativas para tornar o Rio Doce navegável.
Está comprovado que o transporte hidroviário é o mais econômico entre todos os modais. Além disso, é pouco poluente, seguro, possui maior capacidade de energia, custos operacionais e de manutenção reduzidos, além de longa vida útil. Imaginemos o custo-benefício do transporte de cargas pesadas, como minérios, produtos siderúrgicos e agropecuários, em grandes distâncias através do Rio Doce.
Poucos sabem que, em 1978, o Consórcio Themag-Montreal apresentou ao Governo Federal um estudo de viabilidade técnica e econômica para o aproveitamento do Rio Doce para navegação. Segundo o estudo, o canal navegável começaria em um porto fluvial em Ipatinga/MG e terminaria em um porto fluvial-marítimo em Linhares/ES. Mas infelizmente, esse sonho nunca se tornou realidade.
Um Futuro Possível
No entanto, ao considerar os desafios enfrentados desde a concepção até a inauguração do Canal do Panamá, fica claro que nada é impossível. Se o ser humano foi capaz de chegar à Lua ou construir foguetes que retornam à Terra em trajetórias controladas, também podemos transformar o Rio Doce em uma via navegável.
Parece loucura, mas não é!
Com vontade política, investimento em pesquisa e o talento dos nossos engenheiros, esse projeto poderia se tornar uma realidade, trazendo benefícios econômicos e ambientais duradouros para o Brasil.
(*) Edmundo Polck Fraga é empresário do setor imobiliário, um dos fundadores e ex-presidente do Kart Clube de Ipatinga