Em um movimento que reacende as conexões da Lava Jato na América Latina, Nadine Heredia, ex-primeira dama do Peru, buscou refúgio na embaixada brasileira em Lima após ser condenada a 15 anos de prisão por corrupção. O presidente Lula garantiu seu asilo político no Brasil, enquanto seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, foi levado à prisão.
O caso, julgado nessa terça-feira (15), envolveu o recebimento de propinas da Odebrecht, estimadas em pelo menos 3 milhões de dólares, com indícios de valores ainda maiores. A fuga de Nadine para o Brasil não foi coincidência, segundo o procurador Germán Juárez Atoche, que destacou a conexão histórica entre o casal peruano e o atual presidente brasileiro.
As revelações do caso emergiram durante depoimentos de Marcelo Odebrecht, que confirmou ter realizado pagamentos a pedido do governo brasileiro da época. O empresário declarou que a contribuição facilitou o acesso da construtora ao governo Humala, embora tenha negado discussões sobre assuntos ilegais.
O episódio se soma a uma série de casos de corrupção envolvendo ex-presidentes peruanos. O presídio de Barbadillo, onde Humala cumprirá pena, já abriga Alejandro Toledo, também condenado por receber propinas da mesma empreiteira. O local foi inicialmente adaptado para receber Alberto Fujimori, e testemunhou o dramático suicídio de Alan García durante sua prisão.
A decisão de Lula em conceder refúgio a Nadine expõe as intrincadas relações políticas entre Brasil e Peru, reavivando memórias do esquema de corrupção que abalou a América Latina. Enquanto isso, o Peru continua enfrentando uma crise política com outros três ex-presidentes sob investigação por diferentes acusações de corrupção.