O recém-empossado ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, está no centro de uma polêmica após revelações sobre seu papel na fragilização dos mecanismos de controle do INSS. Enquanto deputado federal, ele apoiou uma emenda que reduziu a fiscalização sobre descontos em benefícios previdenciários, contribuindo para um esquema de fraudes bilionárias.
A medida flexibilizou uma regra implementada em 2019 que exigia revalidação anual das autorizações para descontos de mensalidades associativas e sindicais nos benefícios de aposentados e pensionistas. Em 2021, Queiroz assinou proposta que adiou esse controle até o fim de 2022, usando a pandemia de Covid-19 como justificativa.
O mais grave é que, mesmo ocupando o cargo de secretário-executivo do Ministério da Previdência, Queiroz ignorou alertas formais sobre irregularidades. Em junho de 2023, durante reunião do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), foram apresentadas evidências de descontos irregulares em benefícios, mas nenhuma ação concreta foi tomada.
A modificação das regras de controle foi aprovada discretamente no Congresso, após forte pressão de entidades como a Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas. Essa alteração é hoje apontada como um dos principais elementos que permitiram o avanço do esquema fraudulento que desviou recursos bilionários dos cofres públicos.
O escândalo já provocou uma série de exonerações na Previdência, incluindo o presidente do INSS, e expôs graves falhas no sistema de controle da autarquia. A participação de Queiroz na flexibilização das regras e sua omissão diante dos alertas de irregularidades ampliam a pressão sobre o governo Lula para uma revisão completa dos mecanismos de fiscalização do INSS.