Por Walter Biancardine (*)
O presidente Luís Inácio Lula da Silva foi internado ontem, após supostamente sentir fortes dores de cabeça. Segundo o laudo expedido pelo Hospital Sírio-Libanês de Brasília, exames de ressonância magnética foram realizados e demonstraram hemorragia intracraniana, “decorrente de acidente doméstico ocorrido em 19/10”. O paciente foi imediatamente transferido para a unidade do mesmo hospital, em São Paulo, onde submeteu-se à drenagem intracraniana (craniotomia) e o informe encerra afirmando estar Lula da Silva “bem, sob monitoramento, na UTI” – bem, mas na UTI é quase um escárnio.
Vamos por partes: em primeiro lugar, o laudo já aponta – para dirimir quaisquer especulações – o suposto causador da alegada hemorragia, que seria o igualmente presumível “acidente doméstico”. Embora não seja eu um médico creio ser difícil indicar, com tamanha segurança, as causas de tal e alegada hemorragia, a menos que a mesma tenha ocorrido exatamente na área atingida, em sua cabeça – o que não foi informado.
Em segundo lugar, até onde sei as hemorragias no cérebro atendem pelo nome de AVC – Acidente Vascular Cerebral. Quando tal órgão sangra em decorrência de contusões (pancadas, etc.), em minha ignorância penso tratar-se de caso infinitamente mais grave. Sugiro, pois, que os médicos informem à população se o ocupante da cadeira de Presidente da República sofreu uma hemorragia cerebral gravíssima, causada pelo – vá lá – “acidente doméstico”, ou se foi vitimado por um AVC.
Em terceiro lugar, devo explicar o excesso de “supostos”, “alegados” e outros equivalentes, no texto acima. Tais precauções devem-se aos eternos “contraditório e confuso”, sempre presentes em quaisquer comunicados ou esclarecimentos prestados pela ala vermelha da política brasileira. Nunca são exatas, retas, as informações prestadas e um dos fatos mais mal contados é o tal “tombo do banquinho”, alegadamente sofrido por Lula em seu banheiro no mês de outubro.
Foi divulgado, na época, que o Presidente estaria sentado no mesmo e caiu ao chão, batendo a cabeça contra algum móvel do banheiro. Ora, qualquer ser humano sentado em um banquinho normal – que não seja um trono a elevá-lo a mais de um metro de altura, quando nele acomodado – não teria altura suficiente para bater a cabeça contra quaisquer bancadas de pias ou coisas assim. Vasos sanitários ou mesmo bidês (quem se lembra?) são mais baixos, mas em uma distância insuficiente para causar tamanho dano. Choque contra o piso? Impossível, já que a estranha “cicatriz” situava-se em sua nuca. A única hipótese possível seria se o box fosse guarnecido por pequena mureta e, mesmo assim, com quinas retas. Isso coloca, portanto, tal narrativa sob suspeita.
Evidentemente surgiriam alegações as mais variadas: alguns imaginaram agressões domésticas – há de se precaver contra uma Janja enfurecida – e outros, mais delirantes, imaginaram ainda atentados, bebedeiras com amantes e outras eventualidades, mais apropriadas para astros do rock que para um septuagenário alcoólatra.
Mas existe uma hipótese a qual, confesso, não consigo evitar de considerar: um mal escondido e indisfarçavelmente murmurado acordo entre a esquerda e os globalistas, que tirariam Lula da cadeia para concorrer às eleições – seria o único que, supostamente, a grande mídia poderia mentir alegando sua “imensa popularidade” – e o mesmo permaneceria dois anos no poder, banqueteando-se nos cofres públicos para ressarcir-se de “roubos perdidos” e desfrutando de um biênio de luxo e regalias com Janja.
Transcorrido este prazo e sob eventual e aleatória alegação – doença ou algo que, preferencialmente, o elevasse à estatura de “mártir” – o indigitado deixaria a Presidência da República nas mãos de seu vice, Geraldo Alkimin. Desnecessário dizer a afinidade existente entre as “personas” Alkimin e Michel Temer – o criador do Frankenstein careca do Supremo que, já arrumando a casa, entregaria uma boa e confortável ditadura nas mãos globalistas que vegetam por Brasília.
O único ponto fraco desta bela história é que aquele que detém o poder jamais abrirá mão do mesmo – ao menos, espontaneamente – e é pouquíssimo provável que o Ovo tenha tamanha “grandeza”, em nada se importando com acordos, combinações ou mesmo ameaças.
Por último, deixo as duas perguntas inevitáveis aos meus leitores, sendo a primeira: qual era a conjuntura brasileira e a geopolítica mundial no dia 19 de outubro quando Lula, suposta e desastradamente, caiu do banquinho e seu vice assumiu?
E a última: qual é a conjuntura brasileira e a geopolítica mundial, neste exato momento?
Não é niilismo, é pura prudência.