Por William Saliba
Grandes corporações nos Estados Unidos têm reduzido significativamente suas iniciativas de DEI, um movimento que ganhou força desde o início de 2024. Sob pressões de investidores e questionamentos sobre a eficácia dessas políticas, companhias como Google, Amazon, Meta e X (antigo Twitter) anunciaram cortes substanciais em seus programas de diversidade. Segundo relatórios internos, os investimentos nessas iniciativas caíram cerca de 40% no último trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O debate em torno do tema é complexo. Acionistas questionam o retorno financeiro das políticas progressistas de pessoal, argumentando que estratégias baseadas unicamente no mérito seriam mais eficazes para o desempenho empresarial. Estudos recentes da Universidade de Harvard indicam que empresas com programas progressistas não apresentaram, em média, melhores resultados financeiros do que aquelas sem essas iniciativas.
Essa mudança reflete também o clima político-social nos EUA. Processos judiciais contra práticas de contratação baseadas em diversidade cresceram 300% nos últimos dois anos. Além disso, a decisão da Suprema Corte americana em 2023, que derrubou políticas de ação afirmativa em universidades, fortaleceu a tendência de revisão dessas práticas nas corporações.
Empresas de diversos setores estão revisando suas políticas internas. Gigantes como Ford Motors, Toyota, Boeing, Harley-Davidson e Stanley Black & Decker, que juntas representam mais de um milhão de trabalhadores e quase um trilhão de dólares em valor de mercado, têm abandonado metas específicas de diversidade e eliminando cargos voltados exclusivamente para DEI.
Outras estão focando em critérios técnicos e experiência profissional em seus processos de contratação e promoção, mantendo, contudo, compromissos mínimos com igualdade de oportunidades e conformidade legal.
No mercado de trabalho, os reflexos são evidentes. Dados da plataforma LinkedIn mostram que vagas específicas para profissionais de DEI caíram 75% desde janeiro de 2024. Muitos especialistas da área estão migrando para outras funções ou adaptando seus serviços às novas demandas corporativas, que priorizam eficiência operacional e resultados financeiros.
No Brasil, essa onda de mudanças não demora a chegar. Tradicionalmente, as empresas brasileiras tendem a seguir movimentos consolidados nos mercados norte-americanos e europeus, especialmente em questões ligadas à governança corporativa. A partir de 2025, analistas preveem que o foco em DEI no país pode diminuir, substituído por abordagens mais técnicas e voltadas ao mérito, alinhadas às novas tendências globais.
Preparem-se! A partir de janeiro, quando os ventos do norte nos trouxerem mudanças, o Brasil começa a mudar. Também neste quesito.