Por William Saliba (*)
Em meio à alta da inflação e dólar acima de R$ 5,70, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou polêmica ao relatar seu consumo de ovos exóticos no Palácio da Alvorada, contrastando com a realidade econômica dos brasileiros.
Durante agenda no Amapá, o presidente compartilhou detalhes sobre sua dieta, que inclui ovos de ema e pata. Segundo ele, um único ovo de ema equivale a 12 ovos de galinha comuns, destacando que mantém 70 emas na residência oficial. O chefe do Executivo também manifestou interesse em experimentar ovos de jabuti.
A declaração gerou forte reação nas redes sociais e entre políticos, especialmente porque acontece dias após Lula ter aconselhado a população a “não comprar produtos caros” em supermercados. Especialistas apontam que os ovos mencionados pelo presidente são considerados itens de luxo: um ovo de pata pode custar até R$ 20, enquanto o de ema ultrapassa R$ 30.
O presidente também mencionou os jabutis que mantém no Alvorada e afirmou que está criando os animais em condições mais equilibradas, após ajustar a proporção entre machos e fêmeas. Ele ainda brincou sobre sua vontade de experimentar ovos de jabuti: “Qualquer dia eu vou comer um ovo de jabuti também. Porque tudo o que é ovo é igual, gente”.
Os ovos de jabuti, que o presidente sugeriu querer experimentar, são proibidos no Brasil devido às leis de proteção ambiental.
O momento das declarações é especialmente delicado devido ao cenário econômico atual. Com a inflação pressionando o orçamento das famílias, muitos brasileiros enfrentam dificuldades para adquirir itens básicos da cesta alimentar. O contraste entre o consumo presidencial de alimentos sofisticados e a realidade da população tem alimentado críticas sobre um possível descolamento entre o governo e as necessidades populares.
Enquanto o presidente fala sobre experiências gastronômicas exclusivas, milhões de brasileiros lutam para manter itens básicos em suas mesas.
O episódio inevitavelmente remete ao icônico diálogo do personagem Reizinho, de Jô Soares, ao ser questionado por um cortesão:
— Ovos exóticos são também para nós e o povo, majestade?
— E por acaso sois rei, sois rei?