Por William Saliba (*)
Em meio à disparada dos preços dos alimentos no Brasil, o atual ocupante do Planalto, Lula da Silva, surpreendeu—ou melhor, não surpreendeu—ao jogar nas costas do povo a responsabilidade pelo controle da inflação. Sim, segundo o chefe do Executivo, a solução para a conter os preços altos é simples: basta que os brasileiros deixem de comprar os produtos caros.
A “genialidade” da proposta governamental surge justamente no momento em que o índice de inflação dos alimentos atinge a marca de 8,23% em 2024, praticamente o dobro da inflação geral, que fechou em 4,83%. Como se não bastasse, os dados do IPCA-15 de janeiro de 2025 apontam que a escalada persiste, com o tomate subindo 17,12% e o café moído, um modesto 7,07%. Mas não se preocupem, caros cidadãos! Basta boicotar os produtos para que, num passe de mágica, os preços despencarão.
A teoria econômica inovadora do presidente gerou reações diversas, desde incredulidade até gargalhadas nervosas. Especialistas, sempre tão insistentes em conceitos ultrapassados como custos de produção, carga tributária e política monetária, ousam questionar a eficácia da estratégia presidencial. Que bobagem! Por que perder tempo discutindo problemas estruturais quando se pode simplesmente ensinar o povo a “se educar” e consumir menos?
O problema é que essa lógica faz sentido apenas dentro do Palácio do Planalto. Para as famílias de baixa renda, que já comprometem boa parte do orçamento com alimentação, não há muito o que cortar—afinal, a carne já virou item de luxo, e agora, pelo visto, o café e o tomate seguirão o mesmo caminho. A realidade é dura: o brasileiro está sendo empurrado para a insegurança alimentar, enquanto o governo brinca de economista de botequim.
No fim das contas, resta a dúvida: trata-se de hipocrisia ou de uma completa alienação? Lula parece viver em uma bolha onde a solução para a inflação se resume a um singelo “parem de comprar”.
Enquanto isso, no mundo real, o povo luta diariamente para colocar comida na mesa. Talvez o presidente devesse visitar um supermercado antes de propor suas próximas soluções brilhantes.
Quem sabe assim ele descubra que o problema não é falta de educação do consumidor, mas sim a falta de uma política econômica minimamente coerente.
É o cúmulo da hipocrisia de Lula ou alienação completa em uma bolha de desconexão.