Os Correios, empresa pública brasileira com 85.000 funcionários diretos, deixou de pagar o salário de parte de seus colaboradores na data prevista, quebrando um acordo trabalhista que vigorava desde 1969. O atraso ocorreu no pagamento referente ao mês de janeiro de 2025, em meio à grave crise financeira que atinge a instituição.
A situação gerou protestos especialmente em São Paulo, onde o Sintect-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo) protocolou um ofício cobrando explicações da direção. Segundo a empresa, 124 funcionários foram afetados por inconsistências em rubricas e dados bancários desatualizados, número contestado pelo sindicato.
O presidente do Sintect-SP, Elias Diviza, aponta que a centralização dos serviços de Recursos Humanos em Minas Gerais contribuiu para o problema. Anteriormente, São Paulo e Rio de Janeiro, estados com maior número de funcionários, possuíam sedes próprias de RH.
A crise nos Correios atingiu proporções alarmantes em 2024, quando a estatal registrou o maior prejuízo de sua história: R$ 3,2 bilhões, sob a gestão do advogado Fabiano Silva dos Santos. Entre as decisões controversas recentes estão a desistência de uma ação trabalhista bilionária, a assunção de dívida de R$ 7,6 bilhões com a Postalis e gastos de aproximadamente R$ 200 milhões com benefícios aos funcionários.
O agravamento da situação financeira levou a empresa a decretar um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões para o ano e motivou um pedido de abertura de CPI na Câmara dos Deputados. O sindicato anunciou que entrará com ação judicial contra o descumprimento do acordo salarial.