A morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21) desencadeou uma silenciosa batalha política, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentando influenciar a escolha do próximo líder da Igreja Católica. O governo americano busca emplacar um pontífice alinhado aos valores conservadores e que rompa com o legado progressista de Francisco.
A estratégia da Casa Branca começou antes mesmo do falecimento do papa, com a nomeação estratégica de Brian Burch, crítico declarado de Francisco, como embaixador dos EUA na Santa Sé em dezembro passado. Entre os nomes que circulam como preferidos de Trump está o cardeal Raymond Burke, conhecido por suas posições tradicionalistas.
O interesse da administração Trump vai além da questão religiosa. A Casa Branca avalia que um papa conservador poderia fortalecer globalmente suas bandeiras políticas, como a oposição ao aborto, resistência ao movimento LGBTQIA+ e apoio a políticas migratórias mais rígidas. Essa visão contrasta diretamente com o perfil desejado pelo falecido papa Francisco, que segundo o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, ex-coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, buscava um sucessor “progressista moderado”.
O processo de escolha do novo papa acontecerá na Capela Sistina, onde os cardeais permanecerão isolados do mundo exterior até alcançarem dois terços dos votos necessários para eleger o sucessor. Embora Trump não possa interferir diretamente no conclave, sua movimentação política cria um ambiente de pressão externa que pode influenciar indiretamente o processo.
A tradicional fumaça branca que anunciará o novo líder da Igreja Católica não revelará apenas um nome, mas também indicará qual direção a Igreja seguirá: se manterá o caminho de Francisco ou se alinhará às expectativas conservadoras defendidas pelo presidente americano.