Por Natália Brito (*)
A arquitetura e o design de interiores estão passando por uma revolução silenciosa. Se antes o luxo era sinônimo de opulência, grandes espaços e materiais exuberantes, hoje ele assume um novo significado: funcionalidade, conforto e personalização. Em um mundo cada vez mais pautado pelo bem-estar e pela sustentabilidade, os projetos arquitetônicos buscam equilibrar estética e propósito, deixando de lado excessos e priorizando experiências sensoriais e afetivas dentro dos espaços.
A pandemia acelerou essa transformação. Com mais tempo dentro de casa, as pessoas passaram a valorizar ambientes que oferecem aconchego e promovem qualidade de vida. O luxo contemporâneo não está mais nos metros quadrados, mas na forma como cada espaço atende às necessidades individuais. O design biofílico, que integra elementos naturais, a iluminação planejada para criar atmosferas acolhedoras e a escolha de materiais sustentáveis são algumas das novas premissas de sofisticação.
Materiais como madeira certificada, pedras naturais com origens rastreáveis e tecidos orgânicos ganham protagonismo, enquanto o mármore excessivo e os acabamentos brilhantes cedem espaço a superfícies mais naturais e texturizadas. O conceito de “menos, porém melhor” dita a escolha dos elementos, reforçando que um projeto bem executado não precisa ser extravagante para ser elegante.
Além da estética, o novo luxo está na personalização. Arquitetos e designers têm investido em projetos que contam histórias e refletem a identidade dos moradores, com móveis sob medida, obras de arte afetivas e espaços multifuncionais que se adaptam às diferentes rotinas. A tecnologia também entra como aliada, proporcionando automação inteligente para iluminação, temperatura e som, sem comprometer a harmonia visual dos ambientes.
Essa mudança de paradigma também impacta o mercado imobiliário. Empreendimentos de alto padrão têm deixado de lado grandes fachadas de vidro e conceitos ultramodernos para abraçar uma arquitetura mais humanizada, que respeita o entorno e prioriza o bem-estar. O luxo agora não está em ostentar, mas em viver com conforto, equilíbrio e propósito.
Mais do que estéticas passageiras, a arquitetura deve criar espaços que acolham, contem histórias e promovam qualidade de vida. O verdadeiro luxo não está no que se exibe, mas no que se sente ao habitar um espaço. A arquitetura e a decoração não devem ser apenas belas, mas significativas, acolhedoras e, acima de tudo, autênticas.