Por William Saliba (*)
Num palco iluminado por holofotes da desconfiança, os governos de esquerda latino-americanos fazem mágicos espetáculos de manipulação estatística. No Brasil, os dados do IBGE são esculpidos com a destreza de um Michelangelo moderno, transformados de números duros e frios em esculturas agradáveis aos olhos — ou pelo menos aos olhos daqueles que pagam a conta.
As estatísticas transformam o desastre econômico do Governo Lula em uma “marola” e a tempestade inflacionária em uma leve brisa.
Na argentina de Milei, o ex-secretário argentino do Governo do governo anterior, Guillermo Moreno, que dirigiu o espetáculo Instituto Nacional de Estadística y Censos (INDEC) foi condenado a três anos de prisão.
O exemplo argentino está aí para provar que os números mágicos podem ser desmascarados. Moreno não foi apenas condenado, ele virou um símbolo do que acontece quando se brinca com a credibilidade de uma nação.
No Brasil de Lula, o show segue e o roteiro é similar. Funcionários do IBGE protestaram heroicamente contra as suspeitas interferências nas estatísticas da economia.
A instituição manipula os dados e, como em um passe de mágica, a inflação desaparece, o desemprego encolhe e a ciência econômica transformada em um reality show. Abra cadabra e plim! O segredo está no que você esconde, não no que mostra.
A preocupação do IBGE é como subsidiar o planejamento das políticas públicas com dados maquiados. E o investidor estrangeiro tenta entender o Brasil, com estatísticas que parecem tiradas de um livro de contos de fada.
A manipulação dos números não é apenas um problema ético ou técnico. É um problema humano. Quando os dados são distorcidos, as políticas públicas se tornam armas cegas que atingem, como sempre, os mais vulneráveis.
A inflação real, escondida atrás de números mascarados, corrói o poder de compra dos mais pobres. Os planos econômicos, baseados em dados falsos, deixam de funcionar, e a desigualdade só aumenta.
E quem ganha com isso? Ah, os mágicos, claro – os políticos e a mídia prostituída por verbas oficiais. Para eles, o importante é a narrativa, o discurso, o aplauso momentâneo. Enquanto isso, a economia real sangra nos bastidores.
O caso argentino deveria servir de alerta para o Brasil. Manipular números pode parecer uma solução fácil, mas é como colocar maquiagem em um cadáver e esperar que ele levante e ande. Mais cedo ou mais tarde, a verdade aparece. E quando aparece, é feia.
A credibilidade das instituições de pesquisa como o IBGE não é apenas uma questão de orgulho técnico. É a base sobre a qual se constrói toda a política econômica de um país. Sem dados confiáveis, somos navegadores sem bússola, navegando à deriva num mar de incertezas.
Enquanto isso, seguimos assistindo ao espetáculo. A plateia está cheia, e os mágicos continuam no palco.
Mas cuidado, porque, como dizia Abraham Lincoln em seu velho ditado: “Você pode enganar todas as pessoas por algum tempo; e algumas pessoas todo o tempo; mas não consegue enganar todas as pessoas por todo o tempo”.
E quando as luzes finalmente se acenderem, o que será revelado?
Apenas os números sabem.
(*) William Saliba, diretor do Carta de Notícias, é jornalista há 55 anos e detentor de vários prêmios no setor da Comunicação.