Por William Saliba (*)
A neurolinguística, que estuda como o cérebro interpreta as informações do mundo externo, ajuda a compreender os reflexos de uma narrativa otimista que nem sempre condiz com a realidade. Esse contraste ficou evidente ontem na cobertura da GloboNews sobre o estado de saúde do presidente Lula, após um “simples procedimento médico” ao qual ele foi submetido.
Durante o programa “Conexão GloboNews”, os comentaristas transmitiram informações supostamente positivas sobre a rápida recuperação do presidente. No entanto, suas expressões faciais e posturas corporais contradiziam as palavras ditas. O clima nas declarações das jornalistas Daniela Lima, Camila Bomfim, Miriam Leitão e Leilane Neubarth era visivelmente tenso e sombrio. Mesmo Leilane, a única que não trajava preto, demonstrava sinais de emoção contida, com olhos lacrimejantes e feições de tristeza. O comentarista Valdo Cruz, cabisbaixo e em silêncio, reforçava o desconforto geral. Observe o registro do triste quadro, na foto acima.
Essas observações levantam questões sobre a transparência na comunicação oficial e na cobertura da saúde do presidente. Por que a emissora – e, por extensão, o governo – não apresenta informações mais detalhadas e visuais, como fotos ou vídeos, que demonstrem o real estado de Lula? Por que o vice-presidente Geraldo Alckmin não assumiu interinamente, como prevê a Constituição, se o Lula está impossibilitado?
Além disso, as circunstâncias em torno do atendimento médico geram ainda mais dúvidas:
– Se o suposto Acidente Vascular Cerebral (AVC) não era grave, por que Lula foi transferido para São Paulo em vez de permanecer no Hospital Sírio-Libanês de Brasília, igualmente bem equipado?
– Por que ele foi transportado de ambulância (e não helicóptero) até a base aérea e, posteriormente, de avião, desconsiderando o impacto da pressão atmosférica durante o voo, apontado como uma contraindicação inicial?
Essas lacunas na narrativa oficial abrem espaço para especulações e desconfianças. A falta de clareza só reforça a percepção de que “nem tudo é o que parece ser”.
Como dizia Cid Moreira no antigo quadro do Fantástico:
– Mistério…
(*) William Saliba, diretor de jornalismo do Carta de Notícias, é jornalista há 54 anos e detentor de vários prêmios no setor da Comunicação