Por Natália Brito (*)
A escolha de materiais é um ponto crucial em qualquer projeto arquitetônico ou de design de interiores. Nos últimos anos, os materiais industrializados têm ganhado cada vez mais espaço no mercado, gerando debates entre profissionais e consumidores. São práticos, muitas vezes mais acessíveis, e oferecem uma gama de opções para atender demandas estéticas e funcionais. Contudo, sua utilização ainda divide opiniões.
De um lado, defensores dos materiais industrializados destacam sua eficiência e sustentabilidade. Tecnologias modernas permitem criar produtos com menor impacto ambiental, como revestimentos que utilizam insumos reciclados ou processos de fabricação que reduzem emissões de carbono. Além disso, a produção em larga escala garante padronização e menor custo final, tornando possível democratizar o acesso a acabamentos e móveis de qualidade. Por exemplo, pisos vinílicos, cerâmicas com alta resistência e superfícies de quartzo industrializado são alguns dos itens que combinam durabilidade e beleza com preços competitivos.
Por outro lado, há quem aponte limitações nos materiais industrializados, especialmente no que se refere à autenticidade e à singularidade dos projetos. Materiais naturais, como madeiras nobres, pedras e tecidos artesanais, carregam uma história e características únicas, o que muitas vezes confere personalidade aos espaços. Além disso, críticos argumentam que os materiais industrializados, embora eficientes, podem gerar uma sensação de uniformidade excessiva, com projetos que se tornam previsíveis e impessoais.
Outro ponto de atenção é o impacto ambiental. Apesar das inovações, a produção de materiais industrializados ainda pode demandar altas quantidades de energia e recursos não renováveis. Isso reforça a necessidade de avaliar o ciclo de vida dos produtos, desde a extração de matérias-primas até a possibilidade de reciclagem ou descarte responsável.
Portanto, a decisão de usar ou não materiais industrializados depende de um equilíbrio entre as demandas do projeto, o orçamento disponível e os valores que o arquiteto ou designer deseja transmitir. Um uso consciente, que combine o melhor das opções industrializadas e naturais, parece ser o caminho mais indicado para alinhar funcionalidade, estética e sustentabilidade. A pergunta que fica é: como encontrar o ponto ideal entre praticidade e identidade?
Essa reflexão nos leva a repensar o papel do profissional em orientar escolhas que não apenas atendam às necessidades imediatas do cliente, mas também contribuam para um design mais responsável e significativo. Afinal, a arquitetura é tanto técnica quanto arte, e sua essência está em harmonizar eficiência com emoção.
Natália Brito é arquiteta e professora mestre, com 15 anos de experiência na área de projetos e 12 anos dedicados à educação. Ela possui a Formação DAP (Desenvolvimento)